"A
MAIOR DÁDIVA QUE NOS É OFERECIDA PELA GRAÇA DE DEUS, É A DA VIDA"
=por GÉSNER LAS CASAS = NOSSOS PENSAMENTOS PROFUNDOS NOS TRAZEM O AUTOCONHECIMENTO QUE FACILITARÁ NOSSA CONVIVÊNCIA COM O PRÓXIMO E NOS RELACIONAMENTOS HUMANOS DIÁRIOS. = em RETALHOS D'ALMA = RETALHOS D'ALMA- Terça-feira, 12 de junho de 2018 16h51min. ’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’{FILOSOFIA PURA}’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’
"PARA CONFIRMAR NOSSA EXISTÊNCIA HUMANA e, ESPIRITUAL DEVEREMOS PENSAR PROFUNDAMENTE NA EXISTÊNCIA CRIADORA DE UM SER SUPERIOR COM INFINITA BONDADE E, AMOR PELA VIDA DE SEUS FILHOS ETERNOS"
PRATICAR A FILOSOFIA É EXPLORAR O PRÓPRIO NOSSO SER INTERIOR E, AINDA, AO MESMO TEMPO, BUSCAR DESCOBRIR A VERDADE SOBRE A PRÓPRIA EXISTÊNCIA. ENTENDO QUE HÁ UM VÁCUO NA ARTE DE FILOSOFAR MORALMENTE DOS DIAS DE HOJE. ÁREAS AO REDOR DA FILOSOFIA SE ESTICAM PARA A PSICOLOGIA, TEORIA DA POLÍTICA SOCIAL, OU SE DESMANCHAM DIANTE DAS RELIGIÕES SEM QUE A FILOSOFIA CONSIGA, EM UM CASO, DE ENFRENTAR, E NO OUTRO, DE RESGATAR OS VALORES HUMANOS ENVOLVIDOS. AÍ SE TORNA NECESSÁRIA UMA PSICOLOGIA FILOSÓFICA EFICAZ, QUE DEVA, AO MENOS, TENTE SE CONECTAR A TERMINOLOGIA PSICOLÓGICA ESTUDIOSA MODERNA COM UMA TERMINOLOGIA QUE SE ENCAIXE AS VIRTUDES. PRECISAMOS DE UMA FILOSOFIA MORALMENTE SOCIAL QUE POSSA FALAR, DE FORMA SIGNIFICATIVA, DE SIGMUND FREUD E, DE KARL MARX, E A PARTIR DA QUAL POSSAM SER ORIGINADAS CONCEPÇÕES ESTÉTICAS E, POLÍTICAS. PRECISAMOS DE UMA FILOSOFIA MORAL, NA QUAL O CONCEITO DE AMOR FRATERNO, TÃO RARAMENTE MENCIONADO AGORA PELOS FILÓSOFOS, POSSA NOVAMENTE SER UM TEMA DO PENSAMENTO CENTRAL DA HUMANIDADE. DIRIA O PENSADOR QUE TEMOS UMA MANEIRA DE PENSAR FILOSOFANDO COM EFICÁCIA, UMA FILOSOFIA CONDIZENTE QUE, É A HERDEIRA ADEQUADA DO PASSADO DA FILOSOFIA DOS MAIORES PENSADORES EUROPEUS: NO EXISTENCIALISMO POR EXEMPLO. ESTA FILOSOFIA DE FATO OCUPA O CENÁRIO DE FORMA TÃO ABRANGENTE QUE A MAIORIA DOS FILÓSOFOS; MUITOS ANALISTAS DA LINGUAGEM, POR EXEMPLO, QUE NÃO REIVINDICARIAM A SUA PRÓPRIA MARCA PESSOAL, NA VERDADE TRABALHAM COM CONCEITOS EXISTENCIALISTAS. ARGUMENTAREI QUE O EXISTENCIALISMO NÃO É E, NÃO PODE, POR MEIO DE REMENDOS, SER TRANSFORMADO NA FILOSOFIA QUE BUSCAMOS INCESSANTEMENTE. MUITO EMBORA, SEJA O HERDEIRO DO PASSADO, TRATA-SE, PARECE-ME, DE UMA DOUTRINA NÃO REALISTA, SUPER OTIMISTA E, FORNECEDORA DE CERTOS FALSOS VALORES. ISTO É, MAIS OBVIAMENTE, A VERDADE A RESPEITO DE DOUTRINAS FRACAS TAIS COMO O “HUMANISMO”, COM AS QUAIS AS PESSOAS PODERIAM AGORA, PREENCHEREM O VAZIO FILOSÓFICO EM SEUS PRÓPRIOS MUNDOS INSEGUROS DE UM INTERIOR INSTÁVEL. O GRANDE MÉRITO DO EXISTENCIALISMO É QUE AO MENOS PROFESSA E, TENTA SER UMA FILOSOFIA COM A QUAL PODERÍAMOS VIVER. KIERKEGAARD DESCREVEU O SISTEMA HEGELIANO COMO UM GRANDE CASTELO, CONSTRUÍDO POR ALGUÉM QUE DEPOIS VIVEU EM UM CASEBRE PAUPÉRRIMO, UMA VERDADEIRA CHOUPANA OU, NO MELHOR DOS CASOS, NA CASA DA EMPREGADA NOS FUNDOS DA MANSÃO. UMA FILOSOFIA COM PENSAMENTOS ELEVADOS E, MORALMENTE ACEITÁVEIS DEVE SER COMPREENDIDA POR TODOS. O EXISTENCIALISMO MOSTROU-SE CAPAZ DE TORNAR-SE UMA FILOSOFIA NO PENSAMENTO POPULAR E, DE CHEGAR ÀS MENTES DAQUELES, POR EXEMPLO, OS FILÓSOFOS DE OXFORD, QUE NÃO A PERSEGUEM E, QUE PODEM MESMO NÃO TER CONSCIÊNCIA DE SUA PRESENÇA EM NOSSAS VIDAS. NO ENTANTO, MUITO EMBORA POSSA CERTAMENTE INSPIRAR GESTOS E PALAVRAS PARA CONCRETIZAREM UMA AÇÃO, PARECE-ME QUE FAZ ISSO MAIS POR UM TIPO DE PROVOCAÇÃO ROMÂNTICA DO QUE POR SUA PROCURA PELA VERDADE. A VERDADE QUE LIBERTA; E SEUS INDICADORES QUE ESTÃO FREQUENTEMENTE APONTANDO NA DIREÇÃO EQUIVOCADAS. WITTGENSTEIN DIZIA QUE TINHA LEVADO A ERA CARTESIANA EM FILOSOFIA PARA UM FINAL. A FILOSOFIA MORALMENTE EXISTENCIALISTA É AINDA A CARTESIANA E EGOCÊNTRICA. EM RESUMO: MEU TEXTO TE ABRAÇA COM CARINHO E, NOSSA DESCRIÇÃO DE NÓS MESMOS, TORNOU-SE MUITO GRANDIOSA. NÓS NOS ISOLAMOS E, NOS IDENTIFICAMOS COM UMA CONCEPÇÃO NÃO REALISTA DA VONTADE. PORTANTO, PERDEMOS A PERSPECTIVA DE UMA REALIDADE SEPARADA DE NÓS MESMOS. AGORA, NÃO TEMOS UMA CONCEPÇÃO ADEQUADA DO PECADO ORIGINAL. KIERKEGAARD CORRETAMENTE OBSERVOU QUE “UMA ÉTICA QUE IGNORA O PECADO É UMA CIÊNCIA INTEIRAMENTE INÚTIL”, MUITO EMBORA TAMBÉM ACRESCENTASSE: “MAS SE RECONHECE O PECADO ESTÁ E O PISO ALÉM DE SUA ESFERA”. KANT ACREDITAVA NA RAZÃO, E HEGEL ACREDITAVA NA HISTÓRIA, E PARA AMBOS ISSO ERA UMA FORMA DE CRENÇA EM UMA REALIDADE EXTERNA. OS PENSADORES MODERNOS, QUE NÃO ACREDITAM EM NENHUMA DAS DUAS. MAS, QUE PERMANECEM NO ÂMBITO DA TRADIÇÃO, É DEIXADO COM UM EU DESNUDO, CUJAS ÚNICAS VIRTUDES SÃO A LIBERDADE, OU NO MELHOR DOS CASOS, A SINCERIDADE QUE NOS TORNA RUDES, OU, NO CASO DOS FILÓSOFOS BRITÂNICOS, UMA RAZOABILIDADE COTIDIANA CONSPURCADA PELA BRUTALIDADE. A FILOSOFIA, EM SUAS OUTRAS FRENTES, TEM ESTADO OCUPADA DESMANTELANDO A VELHA DESCRIÇÃO SUBSTANTIVA DO “EU”, E A ÉTICA NÃO SE MOSTROU CAPAZ DE REPENSAR ESSE CONCEITO PARA FINALIDADES MORAIS COM PRINCÍPIOS ELEVADOS. O AGENTE MORAL É ENTÃO DESCRITO COMO UM PRINCÍPIO DE VONTADE ISOLADO, OU ESCONDENDO A POBREZA DE PENSAMENTOS NA CONSCIÊNCIA, DENTRO OU AO LADO DE UMA MASSA DE SER, QUE TEM SIDO TRANSFERIDA PARA OUTRAS DISCIPLINAS, COMO A PSICOLOGIA OU A SOCIOLOGIA. DE UM LADO, UMA FILOSOFIA ENDEMONIADA LUCIFERIANA DAS AVENTURAS DA VONTADE HUMANA QUASE ANIMAL IRRACIONAL, E, DE OUTRO, A CIÊNCIA NATURAL. A FILOSOFIA MORAL, E NA VERDADE AS MORAIS FICAM ENTÃO INDEFESAS CONTRA UMA AUTOAFIRMAÇÃO IRRESPONSÁVEL E, NÃO DIRIGIDA, QUE FACILMENTE VAI DE MÃOS DADAS COM ALGUMA MARCA DE DETERMINISMO PSEUDOCIENTÍFICO. UM SENTIDO NÃO EXAMINADO DA FORÇA DA MÁQUINA É COMBINADO COM UMA ILUSÃO DE SALTAR PARA FORA DELA. O JOVEM SARTRE E MUITOS FILÓSOFOS MORAIS BRITÂNICOS REPRESENTAM ESTA ÚLTIMA SECA SEDIMENTAÇÃO DAS CONCEPÇÕES KANTIANAS DO MUNDO. O ESTUDO DA MOTIVAÇÃO É DEIXADO À CIÊNCIA EMPÍRICA: A VONTADE TOMA O LUGAR DO COMPLEXO DE MOTIVOS E, JUNTAMENTE COM O COMPLEXO DAS VIRTUDES. A HISTÓRIA DA FILOSOFIA BRITÂNICA, DESDE MOORE, REPRESENTA INTENSIVAMENTE EM MINIATURA OS DILEMAS ESPECIAIS DA ÉTICA MODERNA. O EMPIRISMO, ESPECIALMENTE NA FORMA QUE LHE CONFERIU RUSSELL, E ULTIMAMENTE WITTGENSTEIN, EMPURRA A ÉTICA PRATICAMENTE PARA FORA DA FILOSOFIA. OS JUÍZOS MORAIS NÃO SERIAM FATUAIS, OU VERDADEIROS, E NÃO TINHAM LUGAR NO MUNDO DO TRACTATUS. MOORE SUSTENTOU UMA CURIOSA METAFÍSICA DOS “FATOS MORAIS”, DEU O TOM, QUANDO NOS DISSE QUE DEVERÍAMOS DISTINGUIR COM O MAIOR CUIDADO A QUESTÃO: “QUAIS SÃO AS COISAS BOAS?” DA QUESTÃO “O QUE SIGNIFICA “BOM”?”. DEUS, POR EXEMPLO, NÃO É BOM. É JUSTO. DÁ-NOS O QUE MERECEMOS VERDADEIRAMENTE. A RESPOSTA PARA A ÚLTIMA QUESTÃO DIZIA RESPEITO À VONTADE PESSOAL DE CADA UM. BOM ERA INDEFINÍVEL, O NATURALISMO ERA UMA FALÁCIA, PORQUE QUALQUER BOM QUE FOSSE OFERECIDO PODERIA SER INSPECIONADO POR QUALQUER INDIVÍDUO MEDIANTE UM MOVIMENTO DE “UM PASSO ATRÁS”. ESTA FORMA DE KANTISMO AINDA MANTÉM SEU APELO. WITTGENSTEIN ATACOU A IDEIA DO EGO CARTESIANO OU DO EU SUBSTANCIAL, E RYLE E OUTROS AMPLIARAM O ATAQUE. UM ESTUDO DE “LINGUAGEM COMUM” PRETENDIA, FREQUENTEMENTE COM RAZÃO, RESOLVER PROBLEMAS ESPECÍFICOS EM EPISTEMOLOGIA QUE TINHAM SIDO ANTERIORMENTE DISCUTIDOS EM TERMOS DAS ATIVIDADES OU FACULDADES DE UM “EU”. A ÉTICA OCUPOU SEU LUGAR NESSA CENA. DEPOIS DE TENTATIVAS PUERIS DE CLASSIFICAÇÃO DOS ENUNCIADOS MORAIS COMO EXCLAMAÇÕES OU EXPRESSÕES DE EMOÇÃO, DESENVOLVEU-SE UM KANTISMO MAIS SOFISTICADO COM UMA ATMOSFERA UTILITARISTA. RETÉM-SE A IDEIA DO AGENTE COMO UM CENTRO PRIVILEGIADO DA VONTADE, POIS É SEMPRE CAPAZ DE “DAR UM PASSO ATRÁS”. MAS, DESDE QUE O “EU” FORA DE MODA NÃO MAIS O VESTE, ELE APARECE COMO UMA VONTADE ISOLADA QUE OPERA COM OS CONCEITOS DA “LINGUAGEM COMUM”, NA MEDIDA EM QUE DIZ RESPEITO AO CAMPO DA MORAL.
RADIALISTA, ARTISTA PLÁSTICO, COMENDADOR DE TOBIAS DE AGUIAR & JORNALISTA "GÉSNER LAS CASAS"
Enviado por LAS CASAS em 12/06/2018 Código do texto: T6362635 Classificação de conteúdo: seguro
=por GÉSNER LAS CASAS = NOSSOS PENSAMENTOS PROFUNDOS NOS TRAZEM O AUTOCONHECIMENTO QUE FACILITARÁ NOSSA CONVIVÊNCIA COM O PRÓXIMO E NOS RELACIONAMENTOS HUMANOS DIÁRIOS. = em RETALHOS D'ALMA = RETALHOS D'ALMA- Terça-feira, 12 de junho de 2018 16h51min. ’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’{FILOSOFIA PURA}’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’
"PARA CONFIRMAR NOSSA EXISTÊNCIA HUMANA e, ESPIRITUAL DEVEREMOS PENSAR PROFUNDAMENTE NA EXISTÊNCIA CRIADORA DE UM SER SUPERIOR COM INFINITA BONDADE E, AMOR PELA VIDA DE SEUS FILHOS ETERNOS"
PRATICAR A FILOSOFIA É EXPLORAR O PRÓPRIO NOSSO SER INTERIOR E, AINDA, AO MESMO TEMPO, BUSCAR DESCOBRIR A VERDADE SOBRE A PRÓPRIA EXISTÊNCIA. ENTENDO QUE HÁ UM VÁCUO NA ARTE DE FILOSOFAR MORALMENTE DOS DIAS DE HOJE. ÁREAS AO REDOR DA FILOSOFIA SE ESTICAM PARA A PSICOLOGIA, TEORIA DA POLÍTICA SOCIAL, OU SE DESMANCHAM DIANTE DAS RELIGIÕES SEM QUE A FILOSOFIA CONSIGA, EM UM CASO, DE ENFRENTAR, E NO OUTRO, DE RESGATAR OS VALORES HUMANOS ENVOLVIDOS. AÍ SE TORNA NECESSÁRIA UMA PSICOLOGIA FILOSÓFICA EFICAZ, QUE DEVA, AO MENOS, TENTE SE CONECTAR A TERMINOLOGIA PSICOLÓGICA ESTUDIOSA MODERNA COM UMA TERMINOLOGIA QUE SE ENCAIXE AS VIRTUDES. PRECISAMOS DE UMA FILOSOFIA MORALMENTE SOCIAL QUE POSSA FALAR, DE FORMA SIGNIFICATIVA, DE SIGMUND FREUD E, DE KARL MARX, E A PARTIR DA QUAL POSSAM SER ORIGINADAS CONCEPÇÕES ESTÉTICAS E, POLÍTICAS. PRECISAMOS DE UMA FILOSOFIA MORAL, NA QUAL O CONCEITO DE AMOR FRATERNO, TÃO RARAMENTE MENCIONADO AGORA PELOS FILÓSOFOS, POSSA NOVAMENTE SER UM TEMA DO PENSAMENTO CENTRAL DA HUMANIDADE. DIRIA O PENSADOR QUE TEMOS UMA MANEIRA DE PENSAR FILOSOFANDO COM EFICÁCIA, UMA FILOSOFIA CONDIZENTE QUE, É A HERDEIRA ADEQUADA DO PASSADO DA FILOSOFIA DOS MAIORES PENSADORES EUROPEUS: NO EXISTENCIALISMO POR EXEMPLO. ESTA FILOSOFIA DE FATO OCUPA O CENÁRIO DE FORMA TÃO ABRANGENTE QUE A MAIORIA DOS FILÓSOFOS; MUITOS ANALISTAS DA LINGUAGEM, POR EXEMPLO, QUE NÃO REIVINDICARIAM A SUA PRÓPRIA MARCA PESSOAL, NA VERDADE TRABALHAM COM CONCEITOS EXISTENCIALISTAS. ARGUMENTAREI QUE O EXISTENCIALISMO NÃO É E, NÃO PODE, POR MEIO DE REMENDOS, SER TRANSFORMADO NA FILOSOFIA QUE BUSCAMOS INCESSANTEMENTE. MUITO EMBORA, SEJA O HERDEIRO DO PASSADO, TRATA-SE, PARECE-ME, DE UMA DOUTRINA NÃO REALISTA, SUPER OTIMISTA E, FORNECEDORA DE CERTOS FALSOS VALORES. ISTO É, MAIS OBVIAMENTE, A VERDADE A RESPEITO DE DOUTRINAS FRACAS TAIS COMO O “HUMANISMO”, COM AS QUAIS AS PESSOAS PODERIAM AGORA, PREENCHEREM O VAZIO FILOSÓFICO EM SEUS PRÓPRIOS MUNDOS INSEGUROS DE UM INTERIOR INSTÁVEL. O GRANDE MÉRITO DO EXISTENCIALISMO É QUE AO MENOS PROFESSA E, TENTA SER UMA FILOSOFIA COM A QUAL PODERÍAMOS VIVER. KIERKEGAARD DESCREVEU O SISTEMA HEGELIANO COMO UM GRANDE CASTELO, CONSTRUÍDO POR ALGUÉM QUE DEPOIS VIVEU EM UM CASEBRE PAUPÉRRIMO, UMA VERDADEIRA CHOUPANA OU, NO MELHOR DOS CASOS, NA CASA DA EMPREGADA NOS FUNDOS DA MANSÃO. UMA FILOSOFIA COM PENSAMENTOS ELEVADOS E, MORALMENTE ACEITÁVEIS DEVE SER COMPREENDIDA POR TODOS. O EXISTENCIALISMO MOSTROU-SE CAPAZ DE TORNAR-SE UMA FILOSOFIA NO PENSAMENTO POPULAR E, DE CHEGAR ÀS MENTES DAQUELES, POR EXEMPLO, OS FILÓSOFOS DE OXFORD, QUE NÃO A PERSEGUEM E, QUE PODEM MESMO NÃO TER CONSCIÊNCIA DE SUA PRESENÇA EM NOSSAS VIDAS. NO ENTANTO, MUITO EMBORA POSSA CERTAMENTE INSPIRAR GESTOS E PALAVRAS PARA CONCRETIZAREM UMA AÇÃO, PARECE-ME QUE FAZ ISSO MAIS POR UM TIPO DE PROVOCAÇÃO ROMÂNTICA DO QUE POR SUA PROCURA PELA VERDADE. A VERDADE QUE LIBERTA; E SEUS INDICADORES QUE ESTÃO FREQUENTEMENTE APONTANDO NA DIREÇÃO EQUIVOCADAS. WITTGENSTEIN DIZIA QUE TINHA LEVADO A ERA CARTESIANA EM FILOSOFIA PARA UM FINAL. A FILOSOFIA MORALMENTE EXISTENCIALISTA É AINDA A CARTESIANA E EGOCÊNTRICA. EM RESUMO: MEU TEXTO TE ABRAÇA COM CARINHO E, NOSSA DESCRIÇÃO DE NÓS MESMOS, TORNOU-SE MUITO GRANDIOSA. NÓS NOS ISOLAMOS E, NOS IDENTIFICAMOS COM UMA CONCEPÇÃO NÃO REALISTA DA VONTADE. PORTANTO, PERDEMOS A PERSPECTIVA DE UMA REALIDADE SEPARADA DE NÓS MESMOS. AGORA, NÃO TEMOS UMA CONCEPÇÃO ADEQUADA DO PECADO ORIGINAL. KIERKEGAARD CORRETAMENTE OBSERVOU QUE “UMA ÉTICA QUE IGNORA O PECADO É UMA CIÊNCIA INTEIRAMENTE INÚTIL”, MUITO EMBORA TAMBÉM ACRESCENTASSE: “MAS SE RECONHECE O PECADO ESTÁ E O PISO ALÉM DE SUA ESFERA”. KANT ACREDITAVA NA RAZÃO, E HEGEL ACREDITAVA NA HISTÓRIA, E PARA AMBOS ISSO ERA UMA FORMA DE CRENÇA EM UMA REALIDADE EXTERNA. OS PENSADORES MODERNOS, QUE NÃO ACREDITAM EM NENHUMA DAS DUAS. MAS, QUE PERMANECEM NO ÂMBITO DA TRADIÇÃO, É DEIXADO COM UM EU DESNUDO, CUJAS ÚNICAS VIRTUDES SÃO A LIBERDADE, OU NO MELHOR DOS CASOS, A SINCERIDADE QUE NOS TORNA RUDES, OU, NO CASO DOS FILÓSOFOS BRITÂNICOS, UMA RAZOABILIDADE COTIDIANA CONSPURCADA PELA BRUTALIDADE. A FILOSOFIA, EM SUAS OUTRAS FRENTES, TEM ESTADO OCUPADA DESMANTELANDO A VELHA DESCRIÇÃO SUBSTANTIVA DO “EU”, E A ÉTICA NÃO SE MOSTROU CAPAZ DE REPENSAR ESSE CONCEITO PARA FINALIDADES MORAIS COM PRINCÍPIOS ELEVADOS. O AGENTE MORAL É ENTÃO DESCRITO COMO UM PRINCÍPIO DE VONTADE ISOLADO, OU ESCONDENDO A POBREZA DE PENSAMENTOS NA CONSCIÊNCIA, DENTRO OU AO LADO DE UMA MASSA DE SER, QUE TEM SIDO TRANSFERIDA PARA OUTRAS DISCIPLINAS, COMO A PSICOLOGIA OU A SOCIOLOGIA. DE UM LADO, UMA FILOSOFIA ENDEMONIADA LUCIFERIANA DAS AVENTURAS DA VONTADE HUMANA QUASE ANIMAL IRRACIONAL, E, DE OUTRO, A CIÊNCIA NATURAL. A FILOSOFIA MORAL, E NA VERDADE AS MORAIS FICAM ENTÃO INDEFESAS CONTRA UMA AUTOAFIRMAÇÃO IRRESPONSÁVEL E, NÃO DIRIGIDA, QUE FACILMENTE VAI DE MÃOS DADAS COM ALGUMA MARCA DE DETERMINISMO PSEUDOCIENTÍFICO. UM SENTIDO NÃO EXAMINADO DA FORÇA DA MÁQUINA É COMBINADO COM UMA ILUSÃO DE SALTAR PARA FORA DELA. O JOVEM SARTRE E MUITOS FILÓSOFOS MORAIS BRITÂNICOS REPRESENTAM ESTA ÚLTIMA SECA SEDIMENTAÇÃO DAS CONCEPÇÕES KANTIANAS DO MUNDO. O ESTUDO DA MOTIVAÇÃO É DEIXADO À CIÊNCIA EMPÍRICA: A VONTADE TOMA O LUGAR DO COMPLEXO DE MOTIVOS E, JUNTAMENTE COM O COMPLEXO DAS VIRTUDES. A HISTÓRIA DA FILOSOFIA BRITÂNICA, DESDE MOORE, REPRESENTA INTENSIVAMENTE EM MINIATURA OS DILEMAS ESPECIAIS DA ÉTICA MODERNA. O EMPIRISMO, ESPECIALMENTE NA FORMA QUE LHE CONFERIU RUSSELL, E ULTIMAMENTE WITTGENSTEIN, EMPURRA A ÉTICA PRATICAMENTE PARA FORA DA FILOSOFIA. OS JUÍZOS MORAIS NÃO SERIAM FATUAIS, OU VERDADEIROS, E NÃO TINHAM LUGAR NO MUNDO DO TRACTATUS. MOORE SUSTENTOU UMA CURIOSA METAFÍSICA DOS “FATOS MORAIS”, DEU O TOM, QUANDO NOS DISSE QUE DEVERÍAMOS DISTINGUIR COM O MAIOR CUIDADO A QUESTÃO: “QUAIS SÃO AS COISAS BOAS?” DA QUESTÃO “O QUE SIGNIFICA “BOM”?”. DEUS, POR EXEMPLO, NÃO É BOM. É JUSTO. DÁ-NOS O QUE MERECEMOS VERDADEIRAMENTE. A RESPOSTA PARA A ÚLTIMA QUESTÃO DIZIA RESPEITO À VONTADE PESSOAL DE CADA UM. BOM ERA INDEFINÍVEL, O NATURALISMO ERA UMA FALÁCIA, PORQUE QUALQUER BOM QUE FOSSE OFERECIDO PODERIA SER INSPECIONADO POR QUALQUER INDIVÍDUO MEDIANTE UM MOVIMENTO DE “UM PASSO ATRÁS”. ESTA FORMA DE KANTISMO AINDA MANTÉM SEU APELO. WITTGENSTEIN ATACOU A IDEIA DO EGO CARTESIANO OU DO EU SUBSTANCIAL, E RYLE E OUTROS AMPLIARAM O ATAQUE. UM ESTUDO DE “LINGUAGEM COMUM” PRETENDIA, FREQUENTEMENTE COM RAZÃO, RESOLVER PROBLEMAS ESPECÍFICOS EM EPISTEMOLOGIA QUE TINHAM SIDO ANTERIORMENTE DISCUTIDOS EM TERMOS DAS ATIVIDADES OU FACULDADES DE UM “EU”. A ÉTICA OCUPOU SEU LUGAR NESSA CENA. DEPOIS DE TENTATIVAS PUERIS DE CLASSIFICAÇÃO DOS ENUNCIADOS MORAIS COMO EXCLAMAÇÕES OU EXPRESSÕES DE EMOÇÃO, DESENVOLVEU-SE UM KANTISMO MAIS SOFISTICADO COM UMA ATMOSFERA UTILITARISTA. RETÉM-SE A IDEIA DO AGENTE COMO UM CENTRO PRIVILEGIADO DA VONTADE, POIS É SEMPRE CAPAZ DE “DAR UM PASSO ATRÁS”. MAS, DESDE QUE O “EU” FORA DE MODA NÃO MAIS O VESTE, ELE APARECE COMO UMA VONTADE ISOLADA QUE OPERA COM OS CONCEITOS DA “LINGUAGEM COMUM”, NA MEDIDA EM QUE DIZ RESPEITO AO CAMPO DA MORAL.
É INTERESSANTE QUE APESAR DE WITTGENSTEIN TER SUGERIDO ESTA DESCRIÇÃO
PARA OUTROS, ELE MESMO NUNCA A USOU. ASSIM, A VONTADE E A PSIQUE, COMO UM
OBJETO DA CIÊNCIA, SÃO ISOLADOS UM DO OUTRO E DO RESTO DA FILOSOFIA. O CULTO DA
LINGUAGEM COMUM VAI DE PAR COM A PRETENSÃO DE SER NEUTRO. OS FILÓSOFOS MORAIS
ANTERIORES NOS DISSERAM O QUE DEVERÍAMOS FAZER, ISTO É, TENTARAM RESPONDER ÀS
DUAS PERGUNTAS DE MOORE. A ANÁLISE LINGUÍSTICA PRETENDE SIMPLESMENTE DAR UMA
DESCRIÇÃO FILOSÓFICA DO FENÔMENO HUMANO DA MORALIDADE, SEM FAZER QUALQUER JUÍZO
MORAL. NA VERDADE, A DESCRIÇÃO DA CONDUTA HUMANA DAÍ RESULTANTE TEM UM VIÉS
MORAL CLARO. OS MÉRITOS DO HOMEM ANALÍTICO-LINGUÍSTICO SÃO A LIBERDADE, NO SENTIDO
DE DESVINCULAÇÃO, RACIONALIDADE, RESPONSABILIDADE, AUTOCONSCIÊNCIA, SINCERIDADE
E UM MONTE DE SENSO COMUM UTILITARISTA. NATURALMENTE, NÃO HÁ MENÇÃO AO PECADO,
E NÃO HÁ MENÇÃO AO AMOR. O MARXISMO É IGNORADO, E, NO CONJUNTO, NÃO HÁ UMA
TENTATIVA DE UM RAPPROCHEMENT COM A PSICOLOGIA, MUITO EMBORA O PROFESSOR
HAMPSHIRE DE FATO TENTE DESENVOLVER A IDEIA DE AUTOCONSCIÊNCIA EM DIREÇÃO A UM
PONTO FINAL IDEAL, AO CONCEBER “A PSICANÁLISE PERFEITA” QUE NOS TORNARIA
PERFEITAMENTE AUTOCONSCIENTES. ASSIM, PERFEITAMENTE DESVINCULADOS E LIVRES. A
ANÁLISE LINGUÍSTICA NATURALMENTE COLOCA PARA A ÉTICA A QUESTÃO DE SUA RELAÇÃO
COM A METAFÍSICA. A ÉTICA PODE SER UMA FORMA DE EMPIRISMO? MUITOS FILÓSOFOS, NA
TRADIÇÃO DE OXFORD E, CAMBRIDGE, DIRIAM QUE SIM, SEM DÚVIDA. É CERTAMENTE UM
GRANDE MÉRITO DESSA TRADIÇÃO, E DE FORMA TAL QUE NÃO GOSTARIA DE PERDER ISSO DE
VISTA, O FATO DE ATACAR TODA A FORMA DE UNIDADE ESPÚRIA. A INSPIRAÇÃO
TRADICIONAL DO FILÓSOFO É A DE ACREDITAR QUE TUDO É UNO, MAS ISSO É TAMBÉM SEU
VÍCIO TRADICIONAL. WITTGENSTEIN DIRIA “VAMOS VER”. ALGUMAS VEZES OS PROBLEMAS
MOSTRAM-SE MUITO DESCONECTADOS UNS DOS OUTROS, E EXIGEM TIPOS DE SOLUÇÕES QUE
NÃO ESTÃO ELAS MESMAS, INTIMAMENTE RELACIONADAS EM QUALQUER SISTEMA. TALVEZ
SEJA UMA QUESTÃO DE TEMPERAMENTO, SE ESTAMOS OU NÃO CONVENCIDOS DE QUE TUDO É
UM. MEU PRÓPRIO TEMPERAMENTO INCLINA-SE PARA O MONISMO. ADIEMOS, NO ENTANTO, A
SEGUINTE QUESTÃO: SE REJEITAMOS A ÉTICA EMPÍRICA E, FROUXA DA TRADIÇÃO
BRITÂNICA, UMA ALEGRE AMÁLGAMA DE HUME, KANT E MILL, E SE REJEITAMOS, TAMBÉM,
OS SISTEMAS EXISTENCIALISTAS, MAIS FORMAIS, QUEREMOS SUBSTITUIR ESSES POR ALGO
QUE TERIA DE SER CHAMADO DE UMA TEORIA METAFÍSICA. PERMITAM-ME ENTÃO, AGORA
SIMPLESMENTE SUGERIR FORMAS NAS QUAIS CONSIDERO QUE A DESCRIÇÃO PREDOMINANTE
NÃO É REALISTA. AO FAZER ISSO, O MEU DÉBITO PARA COM SIMONE WEIL SE TORNARÁ
EVIDENTE. WITTGENSTEIN: MUITA DA FILOSOFIA MORAL CONTEMPORÂNEA PARECE SER TANTO
DESPROVIDA DE AMBIÇÃO QUANTO DE OTIMISMO. O OTIMISMO AMBICIOSO, NATURALMENTE,
FAZ PARTE DA TRADIÇÃO ANGLO-SAXÔNICA; E TAMBÉM NÃO É SURPREENDENTE QUE UMA
FILOSOFIA QUE ANALISA CONCEITOS MORAIS COM BASE NA LINGUAGEM COMUM DEVESSE
APRESENTAR UMA DESCRIÇÃO FROUXA DE UMA REALIZAÇÃO MEDÍOCRE. PENSO QUE A
ACUSAÇÃO TAMBÉM SE APLICA AO EXISTENCIALISMO, EMBORA SEJA CONTRÁRIA A ALGUMAS
APARÊNCIAS. UM MODO AUTÊNTICO DE EXISTÊNCIA É APRESENTADO COMO ALCANÇÁVEL
MEDIANTE A INTELIGÊNCIA E A FORÇA DA VONTADE. A ATMOSFERA É REVIGORANTE, E
TENDE A PRODUZIR AUTOSSATISFAÇÃO NO LEITOR, QUE SE VÊ COMO MEMBRO DE UMA ELITE,
ABORDADO POR OUTRO IGUAL. O DESPREZO PELA CONDIÇÃO HUMANA COMUM, JUNTAMENTE COM
UMA CONVICÇÃO DE SALVAÇÃO PESSOAL, LIVRA O LEITOR DO PESSIMISMO REAL. SEU
DESÂNIMO É SUPERFICIAL, E ESCONDE ORGULHO. PENSO QUE ISSO É VERDADE EM
DIFERENTES FORMAS, TANTO ACERCA DE SARTRE E HEIDEGGER, MUITO EMBORA EU NUNCA
ESTEJA CERTA DE TER ENTENDIDO O ÚLTIMO. TAIS ATITUDES CONTRASTAM COM AS
EVANESCENTES IMAGENS DA TEOLOGIA CRISTÃ, QUE REPRESENTA A BONDADE COMO UMA
DIFICULDADE PRATICAMENTE IMPOSSÍVEL, E O PECADO COMO QUASE INSUPERÁVEL, E
CERTAMENTE COMO UMA CONDIÇÃO UNIVERSAL. E SE O PECADO É CRIME A SER PUNIDO. VEM
A BAILA OUTRA VEZ A AFIRMAÇÃO DE QUE DEUS, É APENAS JUSTO, E NÃO BOM. AINDA
ASSIM, A PSICOLOGIA MODERNA NOS FORNECEU O QUE PODERIA SER CHAMADO DE UMA
DOUTRINA DO PECADO ORIGINAL, UMA DOUTRINA QUE A MAIORIA DOS FILÓSOFOS OU NEGA,
SARTRE, OU IGNORA OXFORD E CAMBRIDGE, OU TENTA TORNAR INÓCUA A TEORIA DE
HAMPSHIRE. QUANDO FALO, NESSE CONTEXTO, DE PSICOLOGIA MODERNA, PENSO
PRIMARIAMENTE NA OBRA DE SIGMUND FREUD. EU NÃO SOU UM “FREUDIANO”, E A VERDADE
DESSA OU DAQUELA CONCEPÇÃO PARTICULAR FREUDIANA NÃO ME INTERESSA AQUI. MAS,
PARECE CLARO QUE SIGMUND FREUD FEZ UMA IMPORTANTE DESCOBERTA SOBRE A MENTE
HUMANA. OU QUE ELE PERMANECE AINDA O MAIOR CIENTISTA NO CAMPO QUE DESCOBRIU.
PODE-SE DIZER QUE O QUE ELE NOS APRESENTA É UMA DESCRIÇÃO REALISTA E, DETALHADA
DO HOMEM CAÍDO INTERIORMENTE. SE LEVAMOS A SÉRIO OS TRAÇOS GERAIS DESSA
DESCRIÇÃO, E AO MESMO TEMPO QUEREMOS FAZER FILOSOFIA MORAL, TEREMOS DE REVISAR,
DE FORMA MUITO CONSIDERÁVEL, NOSSAS CONCEPÇÕES CORRENTES SOBRE A VONTADE E OS
MOTIVOS. O QUE ME PARECE, PARA ESSAS FINALIDADES, VERDADES E, IMPORTANTES NA
TEORIA FREUDIANA, É O QUE SEGUE. FREUD ASSUME UM PONTO DE VISTA INTEIRAMENTE
PESSIMISTA SOBRE A NATUREZA HUMANA. ELE VÊ A PSIQUE COMO UM SISTEMA EGOCÊNTRICO
DE ENERGIA QUASE-MECÂNICA, LARGAMENTE DETERMINADA POR SUA PRÓPRIA HISTÓRIA
INDIVIDUAL, CUJOS VÍNCULOS NATURAIS INSTINTIVOS SÃO SEXUAIS, AMBÍGUOS, QUASE
IRRACIONAIS E, DIFÍCEIS DE SEREM COMPREENDIDOS E CONTROLADOS PELO PRÓPRIO
SUJEITO. A INTROSPECÇÃO REVELA APENAS O TECIDO PROFUNDO DOS MOTIVOS
AMBIVALENTES, E A FANTASIA É UMA FORÇA ANIMAL IRRACIONAL QUASE MAIOR DO QUE A
RAZÃO. A OBJETIVIDADE E O ALTRUÍSMO NÃO SÃO NATURAIS AOS SERES HUMANOS. DEVERÃO
SER ADQUIRIDOS COM ENSINAMENTOS E DISCIPLINA RIGOROSA. SIGMUND FREUD:
NATURALMENTE, FREUD ESTÁ DIZENDO ESSAS COISAS NO CONTEXTO DE UMA TERAPIA
CIENTÍFICA QUE NÃO TEM COMO OBJETIVO FAZER COM QUE AS PESSOAS SE TORNEM BOAS,
MAS QUE VOLTEM A OPERAR. SE UM FILÓSOFO MORAL DIZ TAIS COISAS, PRECISA
JUSTIFICÁ-LAS, NÃO COM ARGUMENTOS CIENTÍFICOS, MAS COM ARGUMENTOS APROPRIADOS À
FILOSOFIA; E, DE FATO, SE DIZ TAIS COISAS, NÃO ESTARÁ DIZENDO NADA DE MUITO
NOVO, DADO QUE CONCEPÇÕES PARCIALMENTE SIMILARES TÊM SIDO EXPRESSADAS ANTES NA
FILOSOFIA, JÁ DESDE PLATÃO. É IMPORTANTE OLHAR PARA FREUD E PARA SEUS
SUCESSORES PORQUE ELES PODEM NOS DAR MAIS INFORMAÇÃO SOBRE UM MECANISMO CUJA
NATUREZA GERAL PODEMOS DISCERNIR SEM O AUXÍLIO DA CIÊNCIA; E TAMBÉM PORQUE A
IGNORÂNCIA DA PSICOLOGIA PODE SER UMA FONTE DE CONFUSÃO. ALGUNS FILÓSOFOS, POR
EXEMPLO, SARTRE, ENCARAM A TEORIA PSICANALÍTICA TRADICIONAL COMO UMA FORMA DE
DETERMINISMO, E ESTÃO PREPARADOS PARA NEGÁ-LA EM TODOS OS SEUS NÍVEIS, E OS
FILÓSOFOS QUE A IGNORAM FREQUENTEMENTE FAZEM ISSO COMO PARTE DE UMA FÁCIL
RENÚNCIA, EM FAVOR DA CIÊNCIA, AO EXAME DOS ASPECTOS DA MENTE QUE DEVERIAM
INTERESSÁ-LOS. MAS O DETERMINISMO, COMO UMA TEORIA FILOSÓFICA TOTAL, NÃO É O
INIMIGO. O DETERMINISMO, COMO UMA TEORIA FILOSÓFICA, É BASTANTE IMPROVÁVEL, E
PODE-SE ARGUMENTAR QUE NÃO É POSSÍVEL, EM PRINCÍPIO, TRADUZIR, PARA AS
LINGUAGENS NEUTRAS DA CIÊNCIA NATURAL, AS PROPOSIÇÕES SOBRE HOMENS TOMANDO
DECISÕES E FORMULANDO PONTOS DE VISTA. VEJA-SE A BREVE DISCUSSÃO DE HAMPSHIRE
DESSE PONTO NO ÚLTIMO CAPÍTULO DE SEU LIVRO THE FREEDOM OF THE INDIVIDUAL. O
PROBLEMA CONSISTE EM ACOMODAR DENTRO DA FILOSOFIA MORAL, E SUGERIR MÉTODOS PARA
LIDAR COM O FATO QUE MUITO DA CONDUTA HUMANA É MOVIDO POR UMA ENERGIA MECÂNICA
DE UM TIPO EGOCÊNTRICO. NA VIDA MORAL, O INIMIGO É O IMPLACÁVEL EGO GORDO. A
FILOSOFIA MORAL É PROPRIAMENTE, E NO PASSADO TEM SIDO ALGUMAS VEZES, A
DISCUSSÃO DESSE EGO E DAS TÉCNICAS, SE HÁ ALGUMA, PARA SUA DERROTA. NESSE
ASPECTO, A FILOSOFIA MORAL TEM PARTILHADO ALGUNS OBJETIVOS COM A RELIGIÃO.
DIZER ISSO NATURALMENTE É TAMBÉM NEGAR QUE A FILOSOFIA MORAL DEVESSE TER, COMO
OBJETIVO, SER NEUTRA. EM QUE CONSISTE SER UM HOMEM BOM? COMO PODEMOS NOS TORNAR
MORALMENTE MELHORES? PODEMOS NOS TORNAR MORALMENTE MELHORES? ESSAS SÃO QUESTÕES
QUE O FILÓSOFO DEVERIA TENTAR RESPONDER. BASTA REFLETIR PARA NOS DAR CONTA QUE
SABEMOS MUITO POUCO SOBRE HOMENS BONS. EXISTEM HOMENS NA HISTÓRIA QUE SÃO
TRADICIONALMENTE PENSADOS COMO TENDO SIDO BONS, CRISTO, SÓCRATES, CERTOS
SANTOS. MAS, SE TENTAMOS OBSERVAR ESSES HOMENS, DESCOBRIMOS QUE A INFORMAÇÃO
SOBRE ELES É ESCASSA E VAGA, E QUE, SE DESCONSIDERAMOS SEUS GRANDES MOMENTOS, É
A SIMPLICIDADE E A SINCERIDADE DE SUAS PALAVRAS QUE, DE FORMA ESPECIAL, TORNA
VEROSÍMIL NOSSA CONCEPÇÃO DELES COMO BONS. E, SE CONSIDERAMOS CANDIDATOS
CONTEMPORÂNEOS À BONDADE, SE SABEMOS DE ALGUM, NOSSA TENDÊNCIA SERÁ A DE
ACHÁ-LOS OBSCUROS OU AINDA, NUM EXAME MAIS PRÓXIMO, PLENOS DE FRAGILIDADE. A
BONDADE PARECE SER TANTO RARA QUANTO DIFÍCIL DE SER DESCRITA. ELA É TALVEZ
ENCONTRADA DE FORMA MAIS CONVINCENTE NAS PESSOAS SIMPLES, NAS CALADAS E ALTRUÍSTAS
MÃES DE GRANDES FAMÍLIAS. MAS, ESSES CASOS SÃO TAMBÉM OS MENOS ILUMINANTES. É
SIGNIFICATIVO QUE A IDEIA DE BONDADE, E DE VIRTUDE, TENHA SIDO AMPLAMENTE
SUPERADA NA FILOSOFIA MORAL OCIDENTAL PELA IDEIA DE RETIDÃO, APOIADA, TALVEZ,
POR ALGUMA CONCEPÇÃO DA SINCERIDADE. ENTENDA-SE QUE RETIDÃO E SINCERIDADE SÃO
PALAVRAS QUE EXPLICAM O COMPORTAMENTO ESCORREITO E INTEIRAMENTE HONESTO DO SER.
ATÉ CERTO PONTO, TRATA-SE DE UM RESULTADO NATURAL DO DESAPARECIMENTO DE UM PANO
DE FUNDO PERMANENTE PARA A ATIVIDADE HUMANA: UM PANO DE FUNDO PERMANENTE QUER
FORNECIDO POR DEUS, PELA RAZÃO, PELA HISTÓRIA OU PELO MEU PRÓPRIO EU INTERIOR.
O AGENTE, FINO COMO UMA AGULHA APARECE NO BRILHO RÁPIDO DO EU INTERIOR QUE
ESCOLHE. AINDA ASSIM, O PRÓPRIO EXISTENCIALISMO, CERTAMENTE EM SUAS VERSÕES
FRANCESA E, ANGLO-SAXÔNICA, TEM, COM UMA CERTA HONESTIDADE, TORNADO EVIDENTE OS
PARADOXOS DE SUAS PRÓPRIAS PRESSUPOSIÇÕES. SARTRE NOS DIZ QUE QUANDO NÓS
DELIBERAMOS A SORTE JÁ ESTÁ LANÇADA, E A FILOSOFIA DE OXFORD NÃO DESENVOLVEU
UMA TEORIA SÉRIA DA MOTIVAÇÃO. A LIBERDADE DO AGENTE, NA VERDADE, A SUA
QUALIDADE MORAL, RESIDE EM SUAS ESCOLHAS, E AINDA ASSIM NÃO NOS É ESCLARECIDO O
QUE O PREPARA PARA AS ESCOLHAS. SARTRE PODE ADMITIR, EM TOM DE BRAVATA, QUE NÓS
ESCOLHEMOS A PARTIR DE ALGUM TIPO DE SITUAÇÃO PRÉ-EXISTENTE, QUE ELE TAMBÉM, DE
MODO CONFUSO, CHAMA DE UMA ESCOLHA, E RICHARD HARE SUSTENTA QUE A IDENTIFICAÇÃO
DE DADOS MENTAIS, TAIS COMO “INTENÇÕES”, É FILOSOFICAMENTE DIFÍCIL E, NÓS
FARÍAMOS MELHOR SE DISSÉSSEMOS QUE UM HOMEM É MORALMENTE O CONJUNTO DE SUAS
ESCOLHAS EFETIVAS. MOTIVOS VISÍVEIS NÃO TORNAM OS ATOS INDISPENSÁVEIS; ISSO É
CONSIDERADO POR SARTRE COMO UMA DEIXA PARA AFIRMAR UMA LIBERDADE IRRESPONSÁVEL,
COMO UM POSTULADO OBSCURO; MOTIVOS NÃO LEVAM PRONTAMENTE À “INTROSPECÇÃO”; ISSO
É CONSIDERADO POR MUITOS FILÓSOFOS BRITÂNICOS UMA DESCULPA PARA ESQUECÊ-LOS E
FALAR, AO INVÉS DISSO, SOBRE “RAZÕES”. ESSAS CONCEPÇÕES PARECEM AMBAS DE POUCO
AUXÍLIO PARA O PEREGRINO MORAL, E TAMBÉM PROFUNDAMENTE IRREALISTAS. A ESCOLHA
MORAL É FREQÜENTEMENTE UM TEMA MISTERIOSO. KANT PENSAVA ASSIM, E ELE DESCREVEU
O MISTÉRIO NOS TERMOS DE UM BALANÇO INDISCERNÍVEL ENTRE UM AGENTE RACIONAL PURO
E UM MECANISMO IMPESSOAL, NENHUM DOS QUAIS REPRESENTOU O QUE NORMALMENTE
PENSAMOS QUE SEJA A PERSONALIDADE; MUITO DA FILOSOFIA EXISTENCIALISTA É, NESSE
ASPECTO, EMBORA DE MODO FREQUENTE VELADAMENTE, KANTIANO. MAS, O MISTÉRIO DA
ESCOLHA NÃO DEVERIA SER CONCEBIDO DE ALGUMA OUTRA FORMA? JEAN-PAUL SARTRE: COM
SIGMUND FREUD, APRENDEMOS A DESCREVER O “MECANISMO” COMO ALGO ALTAMENTE
INDIVIDUAL E MORALMENTE PESSOAL, O QUE É AO MESMO TEMPO MUITO PODEROSO E NÃO
FACILMENTE DESCRITÍVEL POR SEU POSSUIDOR. O EU DA PSICANÁLISE É CERTAMENTE
SUFICIENTEMENTE SUBSTANTIVO. A DESCRIÇÃO EXISTENCIALISTA DA ESCOLHA QUER ELA
SEJA SURREALISTA OU RACIONAL, PARECE IRREALISTA, SOBRE OTIMISTA, ROMÂNTICO,
PORQUE ELE IGNORA O QUE PARECE AO MENOS SER UM TIPO DE PANO DE FUNDO CONTÍNUO
COM UMA VIDA PRÓPRIA; E É, NATURALMENTE, NO TECIDO DAQUELA VIDA, QUE OS
SEGREDOS DO BOM E DO MAL DEVEM SER DESCOBERTOS. AQUI, NEM AS INSPIRADORAS
IDEIAS DE LIBERDADE, SINCERIDADE E, FITAS DA VONTADE, NEM O CONCEITO
INTEIRAMENTE RASO DE UM DISCERNIMENTO RACIONAL DO DEVER, PARECEM
SUFICIENTEMENTE COMPLEXOS PARA FAZER JUSTIÇA AO QUE NÓS REALMENTE SOMOS. O QUE
NÓS REALMENTE SOMOS PARECE MUITO MAIS COMO UM OBSCURO SISTEMA DE ENERGIA, A
PARTIR DO QUAL ESCOLHAS E ATOS VISÍVEIS DA VONTADE EMERGEM EM INTERVALOS, EM
FORMAS QUE FREQÜENTEMENTE NÃO SÃO CLARAS, E FREQÜENTEMENTE SÃO DEPENDENTES DAS
CONDIÇÕES DO SISTEMA, NOS INTERVALOS DOS MOMENTOS DE ESCOLHA. SE ISSO É ASSIM,
UM DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS DA FILOSOFIA MORAL PODERIA SER ASSIM FORMULADO:
EXISTEM TÉCNICAS PARA A PURIFICAÇÃO E PARA A REORIENTAÇÃO DE UMA ENERGIA QUE É
NATURALMENTE EGOÍSTA, DE TAL FORMA QUE, QUANDO CHEGAM OS MOMENTOS DE ESCOLHA,
ESTAREMOS CERTOS DE AGIR CORRETAMENTE? TAMBÉM TEREMOS QUE PERGUNTAR SE, NO CASO
DE EXISTIREM ESSAS TÉCNICAS, ELAS DEVERIAM SER SIMPLESMENTE DESCRITAS, EM
TERMOS QUASE-PSICOLÓGICOS, TALVEZ EM TERMOS PSICOLÓGICOS, OU SE ELAS PODEM SER
EXPLICITADAS EM UMA FORMA FILOSÓFICA MAIS SISTEMÁTICA. EU JÁ SUGERI QUE UMA
VISÃO PESSIMISTA, QUE ALEGA QUE A BONDADE É O CONTRAPONTO DE UM PODEROSO
MECANISMO EGOCÊNTRICO, JÁ EXISTE NA FILOSOFIA TRADICIONAL E NA TEOLOGIA.
DISCUTIREI, MAIS ADIANTE, A TÉCNICA QUE PLATÃO PENSOU QUE SERIA APROPRIADA PARA
ESSA SITUAÇÃO. MAIS PRÓXIMAS E MAIS FAMILIARES PARA NÓS SÃO AS TÉCNICAS DA
RELIGIÃO, DAS QUAIS A MAIS AMPLAMENTE PRATICADA É A ORAÇÃO. O QUE ACONTECE COM
UMA TÉCNICA COMO ESSA EM UM MUNDO SEM DEUS? E ELA PODE SER TRANSFORMADA PARA
FORNECERA AO MENOS UMA PARTE DA RESPOSTA PARA A NOSSA PERGUNTA CENTRAL? A
ORAÇÃO, PROPRIAMENTE, NÃO É UM PEDIDO, MAS SIMPLESMENTE UMA ATENÇÃO A DEUS, O
QUE É UMA FORMA DE AMOR.
COM ELA VAI A IDEIA DE GRAÇA, DE UMA ASSISTÊNCIA
SOBRENATURAL AOS ESFORÇOS HUMANOS QUE SUPERAM AS LIMITAÇÕES EMPÍRICAS DA
PERSONALIDADE. A QUE SE ASSEMELHA ESSA ATENÇÃO, E PODEM AQUELES QUE NÃO SÃO
CRENTES RELIGIOSOS AINDA IMAGINAR TER PROVEITO DE UMA TAL ATIVIDADE? VAMOS
EXAMINAR O ASSUNTO CONSIDERANDO AO QUÊ SE ASSEMELHA O OBJETO TRADICIONAL DESSA
ATENÇÃO, E POR QUAIS MEIOS ELE É AFETADO POR SEUS ADORADORES. VOU SUGERIR QUE
DEUS ERA, OU É, UM OBJETO DE ATENÇÃO ÚNICO, PERFEITO, TRANSCENDENTE, NÃO
REPRESENTÁVEL E NECESSARIAMENTE REAL; E IREI ADIANTE, SUGERINDO QUE A FILOSOFIA
MORAL DEVERIA TENTAR RETER UM CONCEITO CENTRAL QUE TEM TODAS ESSAS
CARACTERÍSTICAS. EU AS CONSIDERAREI UMA POR UMA, MUITO EMBORA, EM UMA GRANDE
MEDIDA, ELAS SE INTERPENETREM E SOBREPONHAM-SE. VAMOS CONSIDERAR PRIMEIRO, A
NOÇÃO DE UM OBJETO DE ATENÇÃO. O CRENTE RELIGIOSO, ESPECIALMENTE SE O SEU DEUS
É CONCEBIDO COMO UMA PESSOA ESTÁ NA FELIZ POSIÇÃO DE SER CAPAZ DE FOCALIZAR SEU
PENSAMENTO SOBRE ALGO QUE É UMA FONTE DE ENERGIA. TAL FOCALIZAÇÃO, COM TAIS
RESULTADOS, É NATURAL PARA OS SERES HUMANOS. CONSIDERE A SITUAÇÃO DE ESTAR
AMANDO. CONSIDERE TAMBÉM A TENTATIVA DE CONFIRMAR ESTE ESTAR AMANDO, E A
NECESSIDADE, EM TAL CASO, DE UM OUTRO OBJETO PARA CUIDAR. NOS CASOS QUE
ENVOLVEM AS EMOÇÕES FORTES DO AMOR SEXUAL, OU DO ÓDIO, DO RESSENTIMENTO OU DO
CIÚME, A “VONTADE PURA” NORMALMENTE PODE FAZER MUITO POUCO. É DE POUCA VALIA A
GENTE DIZER, PARA SI MESMO, “PARE DE AMAR, PARE DE SENTIR RESSENTIMENTOS, SEJA
JUSTO”. O QUE É NECESSÁRIO É UMA REORIENTAÇÃO QUE NOS FORNECERÁ UMA ENERGIA DE
TIPO DIFERENTE, DE UMA FONTE DIFERENTE. PERCEBA AS METÁFORAS DA ORIENTAÇÃO E DO
OLHAR. A “VONTADE” EXISTENCIALISTA NEO-KANTIANA É UM PRINCÍPIO DE PURO
MOVIMENTO. MAS ISSO DESCREVE DE FORMA IMPERFEITA EM QUE CONSISTE PARA NÓS,
MUDAR. DEIXAR DE AMAR
DELIBERADAMENTE NÃO É UM SALTO DA VONTADE, É A AQUISIÇÃO DE NOVOS OBJETOS DE
ATENÇÃO, E ASSIM, DE NOVAS ENERGIAS, COMO UM RESULTADO DE RE-FOCALIZAÇÕES. A
METÁFORA DA ORIENTAÇÃO PODE, NA VERDADE, TAMBÉM COBRIR OS MOMENTOS NOS QUAIS
“ESFORÇOS DE VONTADE” RECONHECÍVEIS SÃO FEITOS, MAS OS ESFORÇOS EXPLÍCITOS DA
VONTADE SÃO APENAS UMA PARTE DA SITUAÇÃO COMO UM TODO. QUE A ATENÇÃO A DEUS É
UMA PODEROSA FONTE DE ENERGIA, FREQUENTEMENTE BOA, ISSO É UM FATO PSICOLÓGICO.
É TAMBÉM UM FATO PSICOLÓGICO, E DA MAIOR IMPORTÂNCIA NA FILOSOFIA MORAL, QUE NÓS
TODOS PODEMOS RECEBER AJUDA MORAL MEDIANTE A FOCALIZAÇÃO DE NOSSA ATENÇÃO EM
COISAS QUE SEJAM VALIOSAS: PESSOAS VIRTUOSAS, A GRANDE ARTE, TALVEZ,
DISCUTIREMOS ISTO MAIS TARDE, A PRÓPRIA IDEIA DE BONDADE. OS SERES HUMANOS SÃO
NATURALMENTE “APEGADOS” E QUANDO UM VÍNCULO PARECE DOLOROSO OU MAU, ELE É
PRONTAMENTE DESLOCADO POR OUTRO VÍNCULO, QUE UM ESFORÇO DE ATENÇÃO PODE
ENCORAJAR. NÃO HÁ NADA DE ESQUISITO OU MÍSTICO NISSO, NEM SOBRE O FATO QUE
NOSSA HABILIDADE PARA AGIR BEM “QUANDO CHEGA A OCASIÃO” DEPENDE PARCIALMENTE,
TALVEZ LARGAMENTE, DA QUALIDADE DE NOSSOS OBJETOS TRADICIONAIS DE ATENÇÃO.
“QUAISQUER QUE SEJAM AS COISAS VERDADEIRAS, QUAISQUER QUE SEJAM AS COISAS
HONESTAS, QUAISQUER QUE SEJAM AS COISAS JUSTAS, QUAISQUER QUE SEJAM AS COISAS
PURAS, QUAISQUER QUE SEJAM AS COISAS AMÁVEIS, QUAISQUER QUE SEJAM AS COISAS
DIGNAS DE ELOGIO: SE EXISTE ALGUMA VIRTUDE, E SE EXISTE ALGUM VALOR, PENSE
NESSAS COISAS”. A NOÇÃO QUE O VALOR DEVERIA SER, EM ALGUM SENTIDO, UNITÁRIO, OU
MESMO QUE DEVERIA HAVER UM ÚNICO E SUPREMO CONCEITO DE VALOR, PODE PARECER, SE
A GENTE RENUNCIA À IDEIA DE DEUS, MUITO LONGE DA OBVIEDADE. PORQUE NÃO DEVERIA
HAVER MUITOS TIPOS DIFERENTES DE VALORES MORAIS INDEPENDENTES? PORQUE TUDO
DEVERIA SER UM, AQUI? OS HOSPÍCIOS DO MUNDO ESTÃO LOTADOS DE PESSOAS QUE SE
CONVENCERAM DE QUE TUDO É UM. PODERIA SER DITO QUE “TUDO É UM” É UMA FALSIDADE
PERIGOSA EM QUALQUER NÍVEL, COM EXCEÇÃO DO MAIS ALTO; E ISSO PODE, DE FATO, SER
DISCERNIDO? É FRANCAMENTE EVIDENTE QUE UMA CRENÇA NA UNIDADE, E TAMBÉM NA ORDEM
HIERÁRQUICA DO MUNDO MORAL, TEM UMA IMPORTÂNCIA PSICOLÓGICA. A NOÇÃO QUE “TUDO
DEVE FAZER SENTIDO DE ALGUMA FORMA”, OU “HÁ UMA MELHOR DECISÃO AQUI”, NOS
PRESERVA DO DESESPERO: A DIFICULDADE CONSISTE EM PRESERVAR ESSA CONSOLADORA
NOÇÃO DE UMA FORMA QUE NÃO SEJA FALSA. TÃO PRONTO QUALQUER IDÉIA SEJA UM
CONSOLO, A TENDÊNCIA DE FALSIFICÁ-LA TORNA-SE FORTE: DAÍ O PROBLEMA TRADICIONAL
DE PREVENIR-SE A IDÉIA DE DEUS DE DEGENERAÇÃO NA MENTE DO CRENTE. É VERDADE QUE
O INTELECTO NATURALMENTE BUSCA A UNIDADE; E NAS CIÊNCIAS, POR EXEMPLO, A
SUPOSIÇÃO DE UNIDADE RECOMPENSA DE FORMA CONSISTENTE O INVESTIGADOR. MAS DE QUE
MODO ESSA IDÉIA PERIGOSA PODE SER USADA NA MORAL? É INÚTIL PEDIR UM JULGAMENTO
PARA A “LINGUAGEM COMUM”, POIS NÓS ESTAMOS LIDANDO COM CONCEITOS QUE NÃO ESTÃO
À MOSTRA NA LINGUAGEM COMUM, OU LIGADOS SEM AMBIGUIDADE COM AS PALAVRAS COMUNS.
A LINGUAGEM COMUM NÃO É UM FILÓSOFO. PODERÍAMOS, NO ENTANTO, PARTIR DA SITUAÇÃO
DA LINGUAGEM COMUM, MEDIANTE UMA REFLEXÃO SOBRE AS VIRTUDES. OS CONCEITOS DAS
VIRTUDES E AS PALAVRAS FAMILIARES QUE OS NOMEIAM SÃO IMPORTANTES, POIS ELES
AJUDAM A TORNAR MAIS ABERTAS À INSPEÇÃO CERTAS ÁREAS POTENCIALMENTE NEBULOSAS
DA EXPERIÊNCIA. REFLETIRAM-SE SOBRE A NATUREZA DAS VIRTUDES, SEREMOS
CONSTANTEMENTE LEVADOS A CONSIDERAR AS RELAÇÕES DELAS UMAS COM AS OUTRAS. A
IDEIA DE UMA “ORDEM” DAS VIRTUDES SE AUTO SUGERE, EMBORA POSSA NATURALMENTE SER
DIFÍCIL COLOCAR ISSO EM QUALQUER FORMA SISTEMÁTICA. POR EXEMPLO, SE REFLETIMOS
SOBRE A CORAGEM E PERGUNTAMOS POR QUE PENSAMOS QUE ELA É UMA VIRTUDE, QUE TIPO
DE CORAGEM É A MAIS ELEVADA, O QUE DISTINGUE A CORAGEM DA IMPETUOSIDADE, DA
FEROCIDADE, DA AUTOAFIRMAÇÃO E ASSIM POR DIANTE, ESTAMOS LIMITADOS, EM NOSSA
EXPLICAÇÃO, A USAR OS NOMES DAS OUTRAS VIRTUDES. O MELHOR TIPO DE CORAGEM,
AQUELA QUE FARIA UM HOMEM AGIR DE MANEIRA ALTRUÍSTA EM UM CAMPO DE
CONCENTRAÇÃO, É O AMOR FIRME, CALMO, TEMPERADO, INTELIGENTE… ESTA PODE DE FATO
NÃO SER EXATAMENTE A DESCRIÇÃO CORRETA, MAS É O TIPO CORRETO DE DESCRIÇÃO. SE
EXISTE UM PRINCÍPIO ÚNICO E SUPREMO NO MUNDO UNIDO DAS VIRTUDES, E SE O NOME
DAQUELE PRINCÍPIO É AMOR, ISSO É ALGO QUE DEVEREI DISCUTIR ADIANTE. TUDO O QUE
EU SUGIRO AQUI É QUE A REFLEXÃO, CORRETAMENTE, TENDE A UNIFICAR O MUNDO MORAL,
E QUE A CRESCENTE SOFISTICAÇÃO MORAL REVELA UMA UNIDADE CRESCENTE. EM QUE
CONSISTE SER JUSTO? CHEGAMOS A ENTENDER ISSO NA MEDIDA EM QUE CHEGAMOS A
ENTENDER AS RELAÇÕES ENTRE A JUSTIÇA E AS OUTRAS VIRTUDES. UMA TAL REFLEXÃO
EXIGE E GERA UM VOCABULÁRIO RICO E DIVERSIFICADO PARA NOMEAR ASPECTOS DA
BONDADE. TRATA-SE DE UMA DEFICIÊNCIA DA MAIOR PARTE DA FILOSOFIA MORAL
CONTEMPORÂNEA QUE ELA ABSTÉM-SE DA DISCUSSÃO DAS VIRTUDES SEPARADAS, PREFERINDO
TRATAR DIRETAMENTE DE ALGUM CONCEITO SOBERANO, TAL COMO SINCERIDADE OU
AUTENTICIDADE OU LIBERDADE, E COM ISSO IMPONDO, PARECE-ME, UMA IDEIA DE UNIDADE
NÃO DISCUTIDA E VAZIA E EMPOBRECENDO NOSSA LINGUAGEM MORAL EM UMA ÁREA
IMPORTANTE. FALAMOS DE UM “OBJETO DE ATENÇÃO” E DE UM INEVITÁVEL SENSO DE
“UNIDADE”. VAMOS ADIANTE AGORA PARA CONSIDERAR, EM TERCEIRO LUGAR, A IDEIA DE
‘TRANSCENDÊNCIA’, AINDA MUITO MAIS DIFÍCIL. TUDO O QUE FOI DITO ATÉ AGORA
PODERIA SER DITO SEM O BENEFÍCIO DA METAFÍSICA. MAS AGORA PODE SER PERGUNTADO:
VOCÊ ESTÁ FALANDO DE UMA AUTORIDADE TRANSCENDENTE OU DE UM DISPOSITIVO
PSICOLÓGICO? PARECE-ME QUE A IDEIA DO TRANSCENDENTE, EM UMA OU OUTRA FORMA,
PERTENCE À MORALIDADE: MAS NÃO É FÁCIL DE INTERPRETAR. DA MESMA FORMA QUE
ACONTECE COM ESSAS GRANDES E ELUSIVAS IDEIAS, ELA PRONTAMENTE TOMA FORMAS QUE
SÃO FALSAS. HÁ UMA FALSA TRANSCENDÊNCIA, DO MESMO MODO COMO HÁ UMA FALSA UNIDADE,
QUE É GERADA PELO EMPIRISMO MODERNO: UMA TRANSCENDÊNCIA QUE É, NA VERDADE,
SIMPLESMENTE UMA EXCLUSÃO, UMA RELEGAÇÃO DA MORAL PARA UMA EXISTÊNCIA SOMBRIA
EM TERMOS DE LINGUAGEM EMOTIVA, IMPERATIVOS, PADRÕES DE CONDUTA, ATITUDES.
“VALOR” NÃO PERTENCE AO INTERIOR DO MUNDO DAS FUNÇÕES DE VERDADE, AO MUNDO DA
CIÊNCIA E DAS PROPOSIÇÕES FATUAIS. ASSIM, ELA PRECISA VIVER EM OUTRO LUGAR. ELA
É ENTÃO VINCULADA DE ALGUMA FORMA À VONTADE HUMANA, UMA SOMBRA ADERENTE A UMA
SOMBRA. O RESULTADO É O TIPO DE SOLÍSSIMOS MORAL ÁRIDO QUE É OFERECIDO EM
TANTOS ASSIM CHAMADOS LIVROS DE ÉTICA. UM INSTRUMENTO PARA CRITICAR A FALSA
TRANSCENDÊNCIA, EM MUITAS DE SUAS FORMAS, NOS FOI DADO POR MARX NO CONCEITO DE
ALIENAÇÃO. HÁ, NO ENTANTO, ALGUMA TRANSCENDÊNCIA VERDADEIRA, OU ESTA IDEIA É
SEMPRE UM SONHO CONSOLADOR PROJETADO PELA NECESSIDADE HUMANA SOBRE UM CÉU
VAZIO? SÃO FRANCISCO REZANDO. CARAVAGGIO, CIRCA 1606: PODE A ORAÇÃO SER APENAS
UMA FORMA DE ATENÇÃO A DEUS? É DIFÍCIL SER EXATO AQUI. PODERÍAMOS PARTIR DA
AFIRMAÇÃO QUE A MORALIDADE, A BONDADE, É UMA FORMA DE REALISMO. A IDEIA DE UM
HOMEM REALMENTE BOM, VIVENDO EM UM MUNDO PARTICULAR DE SONHOS, PARECE
INACEITÁVEL. NATURALMENTE, UM HOMEM BOM PODE SER INFINITAMENTE EXCÊNTRICO, MAS
ELE PRECISA CONHECER CERTAS COISAS SOBRE SUA VIZINHANÇA, E O CASO MAIS ÓBVIO É
O DA EXISTÊNCIA DE OUTRAS PESSOAS E SUAS EXIGÊNCIAS. O PRINCIPAL INIMIGO DA
EXCELÊNCIA NA MORALIDADE, E TAMBÉM NA ARTE, É A FANTASIA PESSOAL: O TECIDO DO
AUTO ENGRANDECIMENTO E DOS DESEJOS E SONHOS CONSOLADORES, QUE IMPEDEM A PESSOA
DE VER O QUE ESTÁ LÁ, FORA DE NÓS. RILKE DISSE, SOBRE CÉZANNE, QUE ELE NÃO
PINTAVA ‘EU GOSTO DISSO’, ELE PINTAVA ‘LÁ ESTÁ’. ISTO NÃO É FÁCIL, E EXIGE, NA
ARTE OU NA MORAL, UMA DISCIPLINA. PODERÍAMOS DIZER AQUI QUE A ARTE É UMA
EXCELENTE ANALOGIA DA MORAL, OU, NA VERDADE, QUE ELA É, NESSE ASPECTO, UMA
INSTÂNCIA DA MORAL. CESSAMOS DE SER PARA PRESTAR ATENÇÃO À EXISTÊNCIA DE ALGUMA
OUTRA COISA, UM OBJETO NATURAL, UMA PESSOA EM NECESSIDADE. PODEMOS VER, NA ARTE
MEDÍOCRE, ONDE TALVEZ ISSO SEJA AINDA MAIS CLARAMENTE VISTO DO QUE NA CONDUTA
MEDÍOCRE, A INTRUSÃO DA FANTASIA, A AFIRMAÇÃO DO EU, O OBSCURECIMENTO DE
QUALQUER REFLEXÃO SOBRE O MUNDO REAL. CÉZANE, O PINTOR DO “LÁ ESTÁ”. PODE-SE
CONCORDAR QUE A DIREÇÃO DA ATENÇÃO DEVERIA ADEQUADAMENTE SER PARA FORA, PARA
LONGE DO EU, MAS DIR-SE-Á QUE HÁ UM LONGO PASSO DA IDEIA DE REALISMO PARA A
IDEIA DE TRANSCENDÊNCIA. PENSO, NO ENTANTO, QUE ESSAS DUAS IDEIAS ESTÃO
RELACIONADAS E PODEMOS VER A RELAÇÃO ENTRE ELAS PARTICULARMENTE NO CASO DE
NOSSA APREENSÃO DA BELEZA. A LIGAÇÃO AQUI É O CONCEITO DE INDESTRUTIBILIDADE OU
INCORRUPTIBILIDADE. O QUE É VERDADEIRAMENTE BELO É “INACESSÍVEL” E NÃO PODE SER
POSSUÍDO OU DESTRUÍDO. A ESTÁTUA É QUEBRADA, A FLOR MURCHA, A EXPERIÊNCIA
CESSA, MAS ALGO NÃO SOFREU DE DECADÊNCIA E MORTALIDADE. QUASE TUDO QUE NOS
CONSOLA É FALSO, E NÃO É FÁCIL DE IMPEDIR A DEGENERAÇÃO DESSA IDÉIA EM UM VAGO
MISTICISMO SHELLEYANO. NO CASO DA IDÉIA DE UM DEUS PESSOAL TRANSCENDENTE, A
DEGENERAÇÃO DA IDEIA PARECE DIFICILMENTE EVITÁVEL: OS TEÓLOGOS ESTÃO OCUPADOS EM
SUAS ESCRIVANINHAS, NESSE EXATO MOMENTO, TENTANDO DESFAZER OS RESULTADOS DESSA
DEGENERAÇÃO. NO CASO DA BELEZA, QUER NA ARTE OU NA NATUREZA, O SENSO DE
SEPARAÇÃO DO PROCESSO TEMPORAL ESTÁ CONECTADO TALVEZ COM CONCEITOS DE PERFEIÇÃO
DE FORMA E “AUTORIDADE”, QUE NÃO SÃO FÁCEIS DE TRANSFERIR PARA O CAMPO DA
MORAL. AQUI EU NÃO ESTOU SEGURA SE ISTO É UMA ANALOGIA OU UMA INSTÂNCIA. É COMO
SE PUDÉSSEMOS VER A PRÓPRIA BELEZA DE UMA FORMA EM QUE NÃO PODEMOS VER A
PRÓPRIA BONDADE. PLATÃO DIZ ISSO NO FEDRO 250 E, EU POSSO EXPERIMENTAR A
TRANSCENDÊNCIA DO BELO. MAS, NÃO, EU PENSO, A TRANSCENDÊNCIA DO BOM. COISAS
BELAS CONTÊM A BELEZA DE UMA FORMA NA QUAL OS ATOS BONS NÃO CONTÊM EXATAMENTE O
BOM, PORQUE A BELEZA É, PARCIALMENTE, UMA QUESTÃO DOS SENTIDOS. ASSIM, SE NÓS FALAMOS
DO BOM COMO TRANSCENDENTE, ESTAMOS FALANDO DE ALGO AINDA MAIS COMPLICADO E QUE
NÃO PODE SER EXPERIMENTADO, MESMO QUANDO VEMOS O HOMEM ALTRUÍSTA NO CAMPO DE
CONCENTRAÇÃO. AQUI SERÍAMOS TENTADOS A USAR A PALAVRA “FÉ”, SE ELA PUDESSE SER
PURGADA DE SUAS ASSOCIAÇÕES RELIGIOSAS. NÓS DIRÍAMOS: “EU CREIO”. “O QUE É
VERDADEIRAMENTE BOM É INCORRUPTÍVEL E INDESTRUTÍVEL”. “A BONDADE NÃO ESTÁ NESSE
MUNDO”. ESSAS AFIRMAÇÕES SOAM COMO ENUNCIADOS ALTAMENTE METAFÍSICOS. PODEMOS
DAR A ELAS ALGUM SIGNIFICADO CLARO OU SÃO APENAS ESSAS COISAS QUE NOS “SENTIMOS
INCLINADO A DIZER”? PENSO QUE A IDEIA DE TRANSCENDÊNCIA AQUI SE CONECTA COM
DUAS IDEIAS SEPARADAS, E ME OCUPAREI COM AMBAS MAIS ADIANTE: PERFEIÇÃO E
CERTEZA. NÃO ESTAMOS CERTOS QUE HÁ UMA “DIREÇÃO VERDADEIRA” PARA UMA MELHOR
CONDUTA, QUE A BONDADE “REALMENTE IMPORTA”, E ESTA CERTEZA SOBRE UM PADRÃO NÃO
SUGERE A IDEIA DE PERMANÊNCIA QUE NÃO PODE SER REDUZIDA A ALGUM CONJUNTO DE
TERMOS PSICOLÓGICOS OU EMPÍRICOS DE QUALQUER OUTRO TIPO? É VERDADE QUE EXISTE
UM PODER PSICOLÓGICO QUE DERIVA DA SIMPLES IDEIA DE UM OBJETO TRANSCENDENTE, E
PODERÍAMOS AINDA MAIS DIZER ACERCA DE UM OBJETO TRANSCENDENTE QUE ELE É ATÉ
CERTO PONTO MISTERIOSO; ISTO SE CONECTA COM AS CONSIDERAÇÕES JÁ FEITAS
ANTERIORMENTE SOBRE O TÓPICO DA “ATENÇÃO”. MAS UMA ANÁLISE REDUTIVA, POR
EXEMPLO, EM TERMOS FREUDIANOS OU MARXISTAS, PARECE ADEQUADA PARA SER APLICADA
AQUI, APENAS PARA UMA FORMA DEGENERADA DE UMA CONCEPÇÃO ACERCA DA QUAL
PERMANECEMOS CERTOS QUE UMA FORMA MAIS ELEVADA E INVULNERÁVEL DA MESMA DEVE
EXISTIR. A IDEIA, RECONHECIDAMENTE, PERMANECE MUITO DIFÍCIL. COMO PODEMOS
CONECTAR O REALISMO QUE DEVE ENVOLVER UMA CONTEMPLAÇÃO PENETRANTE DA MISÉRIA E
DO MAL DO MUNDO, COM UM SENSO DO BOM SEM CORRUPÇÃO, SEM QUE A ÚLTIMA IDEIA
TORNE-SE O SONHO MERAMENTE CONSOLADOR? PENSO QUE ISSO COLOCA UM PROBLEMA
CENTRAL NA FILOSOFIA MORAL HUMANA. TAMBÉM, EM QUE CONSISTE PARA ALGUÉM, QUE NÃO
É UM CRENTE RELIGIOSO E, NÃO É ALGUM TIPO DE MÍSTICO, APRENDER ALGUMA FORMA
SEPARADA DE BONDADE, POR TRÁS DOS CASOS MULTIFORMES DE BOA CONDUTA? ESSA IDEIA
NÃO DEVERIA SER REDUZIDA À NOÇÃO MUITO MAIS INTELIGÍVEL DA INTER-RELAÇÃO DAS
VIRTUDES, ACRESCIDA DE UM SENSO PURAMENTE SUBJETIVO DA CERTEZA DOS JUÍZOS?
NESSE PONTO, A ESPERANÇA DE RESPONDER ESSAS QUESTÕES PODERIA NOS LEVAR A CONSIDERAR
OS SEGUINTES ATRIBUTOS, INTIMAMENTE RELACIONADOS: PERFEIÇÃO DO BOM ABSOLUTO, E
EXISTÊNCIA NECESSÁRIA. ESTES ATRIBUTOS, EM VERDADE, SÃO TÃO INTIMAMENTE
CONECTADOS QUE DE ALGUNS PONTOS DE VISTA ELES SÃO O MESMO DENTRO DO NOSSO
SENTIMENTO. PROVA ONTOLÓGICA. PODE PARECER CURIOSO PERGUNTAR SE A IDEIA DE
PERFEIÇÃO, ENQUANTO OPOSTA À IDEIA DE MÉRITO, OU MELHORIA, É REALMENTE UMA
IDEIA IMPORTANTE, E QUE TIPO DE PAPEL ELA PODE DESEMPENHAR. BEM, SERÁ
IMPORTANTE MEDIR E COMPARAR COISAS E SABER QUÃO BOAS ELAS SÃO? PENSO QUE
DEVERÍAMOS DIZER QUE SIM, EM QUALQUER CAMPO QUE NOS INTERESSA OU NOS DIZ
RESPEITO. UMA COMPREENSÃO PROFUNDA DE QUALQUER CAMPO DA ATIVIDADE HUMANA DA
PINTURA, POR EXEMPLO, ENVOLVE UMA CRESCENTE REVELAÇÃO DE GRAUS DE EXCELÊNCIA,
E, FREQUENTEMENTE, UMA REVELAÇÃO QUE HÁ, DE FATO, POUCO QUE SEJA MUITO BOM E
NADA QUE SEJA PERFEITO. O APROFUNDAMENTO DA COMPREENSÃO DA CONDUTA HUMANA OPERA
DE UMA FORMA SIMILAR. CHEGAMOS A PERCEBER ESCALAS, DISTÂNCIAS, PADRÕES E
PODEMOS NOS INCLINAR A VER COMO MENOS DO QUE EXCELENTES O QUE PREVIAMENTE
ESTÁVAMOS PREPARADOS PARA ‘DEIXAR PASSAR’. ISSO NÃO PRECISA, NATURALMENTE,
IMPEDIR A OPERAÇÃO DA VIRTUDE DA TOLERÂNCIA: A TOLERÂNCIA PODE SER, NA VERDADE
DEVERIA SER CLARIVIDENTE. A IDEIA DE PERFEIÇÃO OPERA ASSIM NO ÂMBITO DE UM
CAMPO DE ESTUDO, PRODUZINDO UM CRESCENTE SENSO DE DIREÇÃO. DIZER ISSO NÃO É
TALVEZ DIZER NADA MUITO SURPREENDENTE; E UM REDUCIONISTA PODERIA ARGUMENTAR
DIZENDO QUE UMA HABILIDADE CRESCENTEMENTE REFINADA PARA COMPARAR NÃO PRECISA
IMPLICAR NADA ALÉM DE SI MESMA. A IDEIA DE PERFEIÇÃO PODERIA, POR ASSIM DIZER,
SER VAZIA. VAMOS CONSIDERAR O CASO DA CONDUTA. O QUE DIZER DA ORDEM “SEJA ENTÃO
PERFEITO?” NÃO SERIA MAIS SENSATO DIZER “SEJA ENTÃO LIGEIRAMENTE MELHOR?”
ALGUNS PSICÓLOGOS NOS ADVERTEM QUE, SE NOSSOS PADRÕES SÃO MUITO ALTOS, NOS
TORNAREMOS NEURÓTICOS. PARECE-ME QUE A IDEIA DE AMOR SURGE NECESSARIAMENTE
NESSE CONTEXTO. A IDEIA DE PERFEIÇÃO NOS MOVE E POSSIVELMENTE NOS MUDA, COMO
ARTISTAS, OPERÁRIOS, AGENTES, PORQUE ELA INSPIRA AMOR NA PARTE DE NÓS QUE É MAIS
VALIOSA. NÃO PODEMOS SENTIR AMOR PURO POR UM PADRÃO MEDÍOCRE, MAIS DO QUE
PODEMOS SENTIR PELO TRABALHO DE UM ARTISTA MEDÍOCRE. A IDEIA DE PERFEIÇÃO É
TAMBÉM UM PRODUTO NATURAL DA ORDEM. EM SUA LUZ CHEGAMOS A VER QUE A, QUE
SUPERFICIALMENTE SE PARECE COM B, É REALMENTE MELHOR DO QUE B. E ISSO PODE
OCORRER, NA VERDADE DEVE OCORRER, SEM QUE A IDEIA SOBERANA SEJA, EM QUALQUER
SENTIDO, “ISOLADA”. NA VERDADE, ESTÁ EM SUA NATUREZA QUE NÃO PODEMOS FAZER COM
QUE FIQUE ISOLADA. ESTE É O SENTIDO VERDADEIRO DA “INDEFINIBILIDADE” DO BOM, AO
QUAL FOI DADO UM SENTIDO VULGAR POR MOORE E SEUS SEGUIDORES. ELE SEMPRE RESIDE
ALÉM, E É A PARTIR DESSE ALÉM QUE ELE EXERCE SUA AUTORIDADE. AQUI NOVAMENTE A
PALAVRA PARECE NATURALMENTE EM SEU LUGAR, E É NO TRABALHO DOS ARTISTAS QUE NÓS
VEMOS A OPERAÇÃO MAIS CLARAMENTE. O VERDADEIRO ARTISTA É OBEDIENTE A UMA
CONCEPÇÃO DE PERFEIÇÃO COM A QUAL SEU TRABALHO ESTÁ CONSTANTEMENTE RELACIONADO,
E RE-RELACIONADO NO QUE PARECE SER UMA MANEIRA EXTERNA. PODEMOS, NATURALMENTE,
TENTAR “ENCARNAR” A IDEIA DE PERFEIÇÃO, DIZENDO PARA NÓS MESMOS “QUERO ESCREVER
COMO SHAKESPEARE” OU “QUERO PINTAR COMO PIERO”. MAS, NATURALMENTE, SABEMOS QUE
SHAKESPEARE E PIERO, APESAR DE PRATICAMENTE DEUSES, NÃO SÃO DEUSES, E QUE TEMOS
QUE DAR CONTA DE NOSSA TAREFA SOLITÁRIA E DIFERENTEMENTE, E QUE, PARA ALÉM DOS
DETALHES DA HABILIDADE E DA CRÍTICA, SOMENTE HÁ A MAGNÉTICA E NÃO REPRESENTÁVEL
IDEIA DO BOM, QUE PERMANECE NÃO “VAZIA”, TANTO QUANTO MISTERIOSA. E ASSIM
TAMBÉM NA ESFERA DA CONDUTA HUMANA. TALVEZ SE DIGA: ESSAS SÃO SIMPLESMENTE
APENAS GENERALIZAÇÕES EMPÍRICAS SOBRE A PSICOLOGIA DO ESFORÇO OU DA MELHORIA,
OU QUAL STATUS VOCÊ PRETENDE QUE ESSAS AFIRMAÇÕES TÊM? TRATA-SE APENAS DE UMA
QUESTÃO DE “ISTO FUNCIONA” OU “É COMO SE FOSSE ASSIM”? VAMOS CONSIDERAR QUAL
PODERIA SER A RESPOSTA SE O NOSSO TEMA DE DISCUSSÃO NÃO FOSSE O BOM, E SIM
DEUS. DEUS EXISTE NECESSARIAMENTE. TUDO O MAIS QUE EXISTE, EXISTE
CONTINGENTEMENTE. O QUE ISSO QUER DIZER? AQUI ESTOU SUPONDO QUE NÃO HÁ UMA
“PROVA” PLAUSÍVEL DA EXISTÊNCIA DE DEUS, EXCETO ALGUMA FORMA DA PROVA
ONTOLÓGICA, UMA PROVA, INCIDENTALMENTE, QUE DEVE AGORA ASSUMIR UMA CRESCENTE
IMPORTÂNCIA NA TEOLOGIA COMO RESULTADO DA RECENTE “DESMITOLOGIZAÇÃO” OU SERIA
MAIS FÁCIL DIZER “DESMISTIFICAR”. SE CONSIDERADA CUIDADOSAMENTE, NO ENTANTO, A
PROVA ONTOLÓGICA É VISTA COMO SENDO NÃO EXATAMENTE UMA PROVA. MAS, AO
CONTRÁRIO, COMO UMA CLARA AFIRMAÇÃO DE FÉ, ELA É FREQÜENTEMENTE CONSIDERADA
APROPRIADA PARA AQUELES JÁ CONVENCIDOS, QUE PODERIA APENAS SER TORNADA
CONFIÁVEL COM BASE EM UMA CERTA QUANTIDADE DE EXPERIÊNCIA. ESSA AFIRMAÇÃO
PODERIA SER CONSIDERADA DE VÁRIAS FORMAS. O DESEJO POR DEUS QUE ESTÁ CERTO DE
RECEBER UMA RESPOSTA. MINHA CONCEPÇÃO DE DEUS CONTÉM A CERTEZA DE SUA PRÓPRIA
REALIDADE. DEUS É UM SER E NÃO UM OBJETO DE AMOR QUE, DE FORMA ÚNICA, EXCLUI
DÚVIDA E RELATIVISMO. AFIRMAÇÕES OBSCURAS COMO ESSAS NATURALMENTE SERIAM
RECEBIDAS COM POUCA SIMPATIA POR FILÓSOFOS ANALÍTICOS, QUE SEPARARIAM SEU
CONTEÚDO ENTRE O FATO PSICOLÓGICO E O ABSURDO METAFÍSICO, E QUE PODERIAM
OBSERVAR QUE PODEMOS IGUALMENTE CONSIDERAR “EU SEI QUE MEU REDENTOR VIVEU”,
COMO AFIRMADO POR HANDEL, COMO UM ARGUMENTO FILOSÓFICO. DEIXO DE LADO SE ELES
ESTÃO CERTOS ACERCA DE “DEUS”: MAS, O QUE DIZER SOBRE O DESTINO DE “BOM”? AS
DIFICULDADES PARECEM SIMILARES. QUAL CONDIÇÃO PODEMOS CONCEDER PARA A IDEIA DE
CERTEZA QUE EFETIVAMENTE PARECE VINCULAR-SE À IDEIA DE BOM? OU PARA A NOÇÃO QUE
NÓS PRECISAMOS RECEBER UM RETORNO QUANDO O BOM É SINCERAMENTE DESEJADO? O
CONCEITO DE GRAÇA PODE SER PRONTAMENTE SECULARIZADO. O QUE É FORMULADO AQUI
PARECE DIFERENTE DE UM “COMO SE” OU DE UM “ISSO FUNCIONA”. NATURALMENTE,
PRECISAMOS EVITAR AQUI, COMO NO CASO DE DEUS, QUALQUER CONOTAÇÃO MATERIAL
PESADA ACERCA DA ENGANOSA PALAVRA “EXISTE”. IGUALMENTE, NO ENTANTO, UMA
CONVICÇÃO DE CERTEZA PURAMENTE SUBJETIVA, QUE PODERIA RECEBER UMA EXPLICAÇÃO
PSICOLÓGICA PRONTA, PARECE MENOS DO QUE SUFICIENTE. O PROBLEMA PODERIA SER
REALMENTE SUBDIVIDIDO SEM RESÍDUO, POR UM CUIDADOSO ANALISTA DA LINGUAGEM, EM
PARTES QUE ELE JULGARIA INÓCUAS? UM POUCO DE LUZ PODE SER JOGADA NO ASSUNTO SE
VOLTAMOS, AGORA, DEPOIS DA DISCUSSÃO INTERMEDIÁRIA, PARA A IDEIA DE “REALISMO”,
QUE FOI USADA ANTERIORMENTE EM UM SENTIDO NORMATIVO: ISTO É, FOI ASSUMIDO QUE
ERA MELHOR SABER O QUE ERA REAL DO QUE ESTAR EM UM ESTADO DE FANTASIA OU ILUSÃO.
É VERDADE QUE OS SERES HUMANOS NÃO CONSEGUEM SUPORTAR MUITA REALIDADE; E UMA
CONSIDERAÇÃO ACERCA DO SIGNIFICADO DO ESFORÇO PARA ENCARAR A REALIDADE E QUAIS
AS TÉCNICAS PARA ISSO, PODE SERVIR TANTO PARA ILUMINAR A NECESSIDADE OU A
CERTEZA QUE PARECEM VINCULAR-SE AO “O BOM”; E TAMBÉM NOS LEVAR A UMA
REINTERPRETAÇÃO DA “VONTADE” E DA “LIBERDADE” EM RELAÇÃO AO CONCEITO DE AMOR.
AQUI, NOVAMENTE, PARECE-ME QUE A ARTE É A PISTA. A ARTE APRESENTA OS MAIS
COMPREENSÍVEIS EXEMPLOS DA QUASE IRRESISTÍVEL TENDÊNCIA HUMANA PARA BUSCAR
CONSOLO NA FANTASIA, E TAMBÉM DO ESFORÇO PARA RESISTIR A ISSO, E A VISÃO DA
REALIDADE QUE VEM COM O SUCESSO. O SUCESSO, DE FATO, É RARO. PRATICAMENTE TODA
A ARTE É UMA FORMA DE CONSOLAÇÃO PELA FANTASIA, E POUCOS ARTISTAS ALCANÇAM A VISÃO
DO REAL. O TALENTO DO ARTISTA PODE SER EMPREGADO FACILMENTE, E ISSO OCORRE
NATURALMENTE, PARA PRODUZIR UMA PINTURA CUJO PROPÓSITO É O CONSOLO E O
ENGRANDECIMENTO DE SEU AUTOR, E A PROJEÇÃO DE SUAS OBSESSÕES E DESEJOS
PESSOAIS. CALAR E EXPULSAR O EU, CONTEMPLAR E DELINEAR A NATUREZA COM UMA VISÃO
CLARA, ISSO NÃO É FÁCIL E EXIGE UMA DISCIPLINA MORAL. UM GRANDE ARTISTA É, EM
RELAÇÃO AO SEU TRABALHO, UM HOMEM BOM, E, NO SENTIDO VERDADEIRO, UM HOMEM
LIVRE. O CONSUMIDOR DE ARTE TEM UMA TAREFA ANÁLOGA À DO PRODUTOR: SER
SUFICIENTEMENTE DISCIPLINADO PARA VER TANTA REALIDADE NA OBRA QUANTO ÀQUELA QUE
O ARTISTA TEVE SUCESSO EM ALI COLOCAR, E NÃO “USÁ-LA COMO MÁGICA”. A APRECIAÇÃO
DA BELEZA NA ARTE OU NA NATUREZA NÃO É APENAS, POR TODAS AS SUAS DIFICULDADES,
O EXERCÍCIO ESPIRITUAL MAIS FACILMENTE DISPONÍVEL; ELA É TAMBÉM UM INGRESSO
COMPLETAMENTE ADEQUADO NA, E NÃO APENAS UMA ANALOGIA PARA, BOA VIDA, DESDE QUE
ELA É A AFERIÇÃO DO EGOÍSMO NO INTERESSE DE VER O REAL. NATURALMENTE, OS
GRANDES ARTISTAS SÃO “PERSONALIDADES” E TEM ESTILOS ESPECIAIS; MESMO
SHAKESPEARE OCASIONALMENTE, MUITO OCASIONALMENTE, REVELA UMA OBSESSÃO PESSOAL.
MAS A ARTE MAIOR É “IMPESSOAL”, PORQUE ELA NOS MOSTRA O MUNDO, NOSSO MUNDO E
NÃO UM OUTRO, COM UMA CLAREZA QUE NOS SURPREENDE E MARAVILHA SIMPLESMENTE
PORQUE NÃO ESTAMOS HABITUADOS, NA VERDADE, A OLHAR PARA O MUNDO REAL.
NATURALMENTE, TAMBÉM, OS ARTISTAS SÃO ELABORADORES DE PADRÕES. AS EXIGÊNCIAS DE
FORMA, E A QUESTÃO DE “QUANTA FORMA” TRAZER À TONA, CONSTITUEM UM DOS
PRINCIPAIS PROBLEMAS DA ARTE. MAS É QUANDO A FORMA É USADA PARA ISOLAR,
EXPLORAR, MOSTRAR ALGO QUE É VERDADEIRO, QUE NÓS SOMOS MAIS ALTAMENTE TOCADOS E
ILUMINADOS. PLATÃO DIZ EM A REPÚBLICA, VII, 532, QUE OS TECHNAI TÊM O PODER DE
CONDUZIR A MELHOR PARTE DA ALMA À VISÃO DAQUILO QUE É MAIS EXCELENTE NA
REALIDADE. ISSO DESCREVE BEM O PAPEL DA GRANDE ARTE COMO EDUCADORA E
REVELADORA. CONSIDERE O QUE APRENDEMOS CONTEMPLANDO OS PERSONAGENS DE
SHAKESPEARE OU TOLSTÓI, OU AS PINTURAS DE VELÁSQUEZ OU TICIANO. O QUE
APRENDEMOS AQUI É ALGO ACERCA DA QUALIDADE REAL DA NATUREZA HUMANA, QUANDO ELA
É VISTA PELO OLHAR JUSTO E COMPASSIVO DO ARTISTA COM UMA CLAREZA QUE NÃO SE
ENCONTRA NA AGITAÇÃO EGOÍSTA DA VIDA COTIDIANA. TICIANO, “MARTÍRIO DE SÃO
LOURENÇO”. É IMPORTANTE, TAMBÉM, QUE A GRANDE ARTE NOS ENSINA DE QUE MODO AS
COISAS REAIS PODEM SER OLHADAS E AMADAS SEM SEREM APRISIONADAS E USADAS, SEM
SEREM APROPRIADAS NO GANANCIOSO ORGANISMO DO EU. ESSE EXERCÍCIO DE
DESVINCULAÇÃO É DIFÍCIL E VALIOSO, QUER A COISA CONTEMPLADA SEJA UM SER HUMANO
OU A RAIZ DE UMA ÁRVORE OU A VIBRAÇÃO DE UMA COR OU UM SOM. A CONTEMPLAÇÃO NÃO
SENTIMENTAL DA NATUREZA EXIBE A MESMA QUALIDADE DO DESPRENDIMENTO: O EGOÍSMO
CONCERNE À VAIDADE, NADA EXISTE EXCETO AS COISAS QUE SÃO VISTAS. A BELEZA É O
QUE ATRAI ESSE TIPO PARTICULAR DE ATENÇÃO NÃO EGOÍSTA. É ÓBVIO, AQUI, QUAL É O
PAPEL, PARA O ARTISTA OU ESPECTADOR, DA BOA E EXATA VISÃO: NÃO SENTIMENTAL,
DESPRENDIDA, ALTRUÍSTA, ATENÇÃO OBJETIVA. TAMBÉM É CLARO QUE NAS SITUAÇÕES
MORAIS UMA EXATIDÃO SIMILAR É EXIGIDA. EU SUGERIRIA QUE A AUTORIDADE DO BOM
PARECE A NÓS ALGO NECESSÁRIO PORQUE O REALISMO, A HABILIDADE PARA PERCEBER A
REALIDADE, NECESSÁRIO PARA A BONDADE É UM TIPO DE HABILIDADE INTELECTUAL PARA
PERCEBER O QUE É VERDADEIRO, O QUE É, AUTOMATICAMENTE, AO MESMO TEMPO, UMA
SUPRESSÃO DO EU. A NECESSIDADE DO BOM É ENTÃO UM ASPECTO DO TIPO DE NECESSIDADE
ENVOLVIDA EM QUALQUER TÉCNICA PARA MOSTRAR FATOS. AO SE TRATAR ASSIM O
REALISMO, QUER DO ARTISTA OU DO AGENTE, COMO UMA REALIZAÇÃO MORAL, HÁ
NATURALMENTE UMA SUPOSIÇÃO ADICIONAL A SER FEITA NO CAMPO DA MORAL: QUE A VISÃO
VERDADEIRA OCASIONA A CONDUTA CORRETA. ISSO PODERIA SER DITO SIMPLESMENTE COMO
UMA TAUTOLOGIA ILUMINADORA: MAS PENSO QUE ISSO PODE SER DE FATO SUSTENTADO
MEDIANTE APELOS À EXPERIÊNCIA. QUANTO MAIS NOS DAMOS CONTA DA SEPARABILIDADE E,
ALTERIDADE DAS OUTRAS PESSOAS, E O FATO VISTO QUE OUTRO HOMEM TEM NECESSIDADES
E DESEJOS TÃO EXIGENTES QUANTO OS NOSSOS. MAIS SE TORNA DIFÍCIL TRATAR UMA
PESSOA COMO ‘UMA COISA’.
QUE É O REALISMO QUE TORNA GRANDE A GRANDE ARTE, ISSO
TAMBÉM FICA COMO UMA ESPÉCIE DE PROVA. SE, AINDA CONDUZIDOS PELA PISTA DA ARTE,
FAZEMOS PERGUNTAS ADICIONAIS SOBRE A FACULDADE QUE SUPOSTAMENTE NOS RELACIONA
COM O QUE É REAL, E ASSIM NOS LEVA ATÉ AO QUE É BOM, A IDEIA DE COMPAIXÃO OU
AMOR SERÁ NATURALMENTE SUGERIDA. NÃO SE TRATA APENAS QUE A SUPRESSÃO DO EU É
EXIGIDA ANTES DE ALCANÇARMOS A VISÃO ACURADA. O GRANDE ARTISTA VÊ SEUS OBJETOS,
E ISTO É VERDADEIRO QUER ELES SEJAM TRISTES, ABSURDOS, REPULSIVOS OU MESMO
MAUS, À LUZ DA JUSTIÇA E DA MISERICÓRDIA. A DIREÇÃO DA ATENÇÃO É,
CONTRARIAMENTE À NATUREZA, PARA FORA, PARA LONGE DO EU QUE REDUZ TUDO A UMA
FALSA UNIDADE, EM DIREÇÃO À SURPREENDENTE E GRANDE VARIEDADE DO MUNDO, E A
HABILIDADE PARA ASSIM DIRIGIR A ATENÇÃO É O AMOR. PODERÍAMOS NESSE PONTO FAZER
UMA PAUSA E CONSIDERAR A DESCRIÇÃO QUE ESTÁ SURGINDO AQUI DA PERSONALIDADE
HUMANA, OU DA ALMA. A LIBERAÇÃO DA ALMA EM RELAÇÃO À FANTASIA RESIDE NA
CAPACIDADE DE AMAR, ISTO É, DE VER. A LIBERDADE, QUE É UM OBJETIVO PRÓPRIO DO
HUMANO, CONSISTE EM LIBERTAR-SE DA FANTASIA, QUE É O REALISMO DA COMPAIXÃO. O
QUE EU CHAMEI DE FANTASIA, A PROLIFERAÇÃO DE OBJETIVOS E IMAGENS CEGOS E
AUTOCENTRADOS, É ELA MESMA UM PODEROSO SISTEMA DE ENERGIA, E A MAIOR PARTE DO
QUE É FREQÜENTEMENTE CHAMADO DE “VONTADE” OU “TER VONTADE” PERTENCE A ESSE
SISTEMA. O QUE SE CONTRAPÕE A ESSE SISTEMA É A ATENÇÃO À REALIDADE INSPIRADA
POR, E CONSISTINDO DE AMOR. NO CASO DA ARTE E DA NATUREZA, TAL ATENÇÃO É
IMEDIATAMENTE RECOMPENSADA PELA APRECIAÇÃO DA BELEZA. NO CASO DA MORALIDADE,
EMBORA ALGUMAS VEZES OCORRAM RECOMPENSAS, A IDEIA DE UMA RECOMPENSA FICA FORA
DE LUGAR. A LIBERDADE NÃO É ESTRITAMENTE O EXERCÍCIO DA VONTADE, MAS, AO
CONTRÁRIO, A EXPERIÊNCIA DA VISÃO ACURADA QUE, QUANDO ISTO SE TORNA APROPRIADO,
OCASIONA A AÇÃO. O QUE É IMPORTANTE É O QUE FICA ATRÁS E ENTRE AS AÇÕES E QUE
AS OCASIONA, E É ESTA ÁREA QUE DEVERIA SER PURIFICADA. QUANDO O MOMENTO DA
ESCOLHA CHEGA, A QUALIDADE DA ATENÇÃO JÁ PROVAVELMENTE DETERMINOU A NATUREZA DO
ATO. ESTE FATO PRODUZ AQUELA CURIOSA SEPARAÇÃO ENTRE MOTIVOS CONSCIENTEMENTE
ENSAIADOS E A AÇÃO, QUE É, ALGUMAS VEZES, ERRONEAMENTE TOMADA COMO UMA
EXPERIÊNCIA DE LIBERDADE. ANGUS, NATURALMENTE QUE ISTO NÃO QUER DIZER QUE OS
BONS “ESFORÇOS DA VONTADE” SÃO SEMPRE INÚTEIS OU SEMPRE FALSOS. A “VONTADE”
EXPLÍCITA E IMEDIATA PODE DESEMPENHAR ALGUMA PARTE, ESPECIALMENTE COMO UM FATOR
INIBIDOR. O DEMÔNIO DE SÓCRATES SOMENTE DISSE A ELE O QUE NÃO FAZER. EM UMA TAL
DESCRIÇÃO, A SINCERIDADE E O AUTOCONHECIMENTO, ESSES POPULARES MÉRITOS, PARECEM
MENOS IMPORTANTES. O QUE LIBERA É O VÍNCULO EM RELAÇÃO ÀQUILO QUE FICA DO LADO
DE FORA DO MECANISMO DA FANTASIA, E NÃO UM ESCRUTÍNIO DO PRÓPRIO MECANISMO. O
ESCRUTÍNIO DETALHADO DO MECANISMO FREQÜENTEMENTE MERAMENTE REFORÇA O SEU PODER.
O “AUTOCONHECIMENTO”, NO SENTIDO DE UMA COMPREENSÃO MINUCIOSA DO PRÓPRIO
MECANISMO DA GENTE, PARECE-ME, EXCETO A UM NÍVEL RAZOAVELMENTE SIMPLES,
USUALMENTE, UMA DESILUSÃO. UM SENTIDO DE TAL AUTOCONHECIMENTO PODE,
NATURALMENTE, SER INDUZIDO NA ANÁLISE, POR RAZÕES TERAPÊUTICAS, MAS “A CURA”
NÃO PROVA QUE O CONHECIMENTO ALEGADO É GENUÍNO. O EU É TÃO DIFÍCIL DE VER
EXATAMENTE COMO OUTRAS COISAS, E QUANDO SE OBTÉM UMA VISÃO CLARA, O EU É UM
OBJETO CORRESPONDENTEMENTE MENOR E MENOS INTERESSANTE. UM INIMIGO IMPORTANTE
PARA TAL CLAREZA DE VISÃO, QUER NA ARTE OU NA MORAL, É O SISTEMA PARA O QUAL
FOI DADO O NOME TÉCNICO DE SADOMASOQUISMO. A SUTILEZA PECULIAR DESSE SISTEMA É
QUE, ENQUANTO CONSTANTEMENTE CONDUZ A ATENÇÃO E A ENERGIA DE VOLTA PARA O EU,
ELE PODE PRODUZIR, PRATICAMENTE EM TODO O PERCURSO ATÉ O TOPO, IMITAÇÕES
PLAUSÍVEIS DO QUE É BOM. O SADOMASOQUISMO REFINADO PODE ARRUINAR A ARTE QUE É
BOA DEMAIS PARA SER ARRUINADA PELAS MAIS CRUAS VULGARIDADES DA AUTOINDULGÊNCIA
EM PERDOAR-SE. O NOSSO EU É INTERESSANTE, E ASSIM OS NOSSOS MOTIVOS SÃO
INTERESSANTES, E A FALTA DE VALOR DE NOSSOS MOTIVOS É INTERESSANTE. TAMBÉM É
FASCINANTE A ALEGADA RELAÇÃO DO SENHOR COM O ESCRAVO, DO BOM EU COM O MAU EU, A
QUAL, DE MODO ESTRANHO, TERMINA EM TAIS CURIOSOS COMPROMISSOS. A LUTA DE KAFKA
COM O DEMÔNIO QUE TERMINA NA CAMA. O MAU EU ESTÁ PREPARADO PARA SOFRER, MAS NÃO
PARA OBEDECER, ATÉ QUE OS DOIS DE MEUS EUS SEJAM AMIGOS E A OBEDIÊNCIA SE
TORNEM RAZOAVELMENTE FÁCEIS OU PELO MENOS DIVERTIDOS. NA REALIDADE, O EU BOM É
DE FATO MUITO PEQUENO, E A MAIOR PARTE DO QUE APARECE COMO BOM NÃO É. O VERDADEIRO
BOM NÃO É UM TIRANO AMÁVEL PARA O MAU, É O SEU ANTAGONISTA MORTAL. MESMO O
PRÓPRIO SOFRIMENTO PODE DESEMPENHAR UM PAPEL DEMONÍACO AQUI, E AS IDEIAS DE
CULPA E PUNIÇÃO PODEM SER OS MAIS SUTIS INSTRUMENTOS DO EU CRIATIVO. A IDÉIA DE
SOFRIMENTO CONFUNDE A MENTE E, EM CERTOS CONTEXTOS, O CONTEXTO DO “AUTOEXAME
SINCERO”, POR EXEMPLO, PODE MASCARAR-SE COMO UMA PURIFICAÇÃO. RARAMENTE ISSO
OCORRE, POIS, A MENOS QUE SEJA MUITO INTENSO, NA VERDADE, ELE ESTÁ LONGE DE SER
INTERESSANTE. PLATÃO NÃO DIZ QUE A FILOSOFIA É O ESTUDO DO SOFRIMENTO, ELE DIZ
QUE É O ESTUDO DA MORTE, FÉDON, 64 A, E ESSAS IDEIAS SÃO TOTALMENTE
DISSIMILARES. QUE O CRESCIMENTO MORAL ENVOLVA SOFRIMENTO É USUALMENTE
VERDADEIRO; MAS O SOFRIMENTO É O SUBPRODUTO DE UMA NOVA ORIENTAÇÃO, E NÃO EM
NENHUM SENTIDO UM FIM EM SI MESMO. FALEI DO REAL, QUE É O OBJETO ADEQUADO DO
AMOR, E DO CONHECIMENTO QUE É LIBERDADE. A PALAVRA “BOM”, QUE TEM SIDO
INSTIGADORA NA DISCUSSÃO, DEVERIA AGORA SER MAIS EXPLICITAMENTE CONSIDERADA. O
PRÓPRIO BOM PODE SER EM ALGUM SENTIDO, “UM OBJETO DE ATENÇÃO”? E DE QUE MODO
ESSE PROBLEMA SE RELACIONA COM O “AMOR DO REAL”? HÁ ALGUM SUBSTITUTO, POR ASSIM
DIZER, PARA A ORAÇÃO, QUE É A MAIS PROFUNDA E EFETIVA DAS TÉCNICAS RELIGIOSAS?
SE A ENERGIA E A VIOLÊNCIA DA VONTADE, EXERCIDA NAS OCASIÕES DE ESCOLHA, PARECE
MENOS IMPORTANTE DO QUE A QUALIDADE DA ATENÇÃO QUE DETERMINA NOSSOS VÍNCULOS
REAIS, DE QUE MODO MUDAMOS E PURIFICAMOS AQUELA ATENÇÃO E A TORNAMOS MAIS
REALISTA? A VIA NEGATIVA DA VONTADE, SUA OCASIONAL HABILIDADE PARA PARAR UM MOVIMENTO
MAU, É O ÚNICO OU O MAIS CONSIDERÁVEL PODER CONSCIENTE QUE PODEMOS EXERCER?
PENSO QUE HÁ ALGO ANÁLOGO À ORAÇÃO, MUITO EMBORA SEJA ALGO DIFÍCIL DE
DESCREVER, E QUE AS MAIS ALTAS SUTILEZAS DO EU PODEM FREQÜENTEMENTE FALSIFICAR;
NÃO ESTOU AQUI PENSANDO EM NENHUMA TÉCNICA MEDITATIVA QUASE-RELIGIOSA, MAS EM
ALGO QUE PERTENCE À VIDA MORAL DA PESSOA COMUM. A IDÉIA DE CONTEMPLAÇÃO É
DIFÍCIL DE COMPREENDER E DE SUSTENTAR EM UM MUNDO CRESCENTEMENTE SEM
SACRAMENTOS E RITUAIS, E NO QUAL A FILOSOFIA DESTRUIU, EM MUITOS SENTIDOS
ACERTADAMENTE, A VELHA E SUBSTANTIVA CONCEPÇÃO DO EU. UM SACRAMENTO FORNECE UM
LUGAR EXTERNO E VISÍVEL PARA UM ATO ESPIRITUAL INTERNO INVISÍVEL. TALVEZ TAMBÉM
TENHAMOS NECESSIDADE DE UMA ANALOGIA PARA O CONCEITO DO SACRAMENTO, MUITO EMBORA
ISSO TENHA QUE SER ABORDADO COM MUITA CAUTELA. A ÉTICA COMPORTAMENTALISTA NEGA
A IMPORTÂNCIA, PORQUE ELA QUESTIONA A IDENTIDADE DE QUALQUER COISA ANTERIOR OU
SEPARADA DA AÇÃO QUE OCORRE DECISIVAMENTE “NA MENTE”. A APREENSÃO DA BELEZA, NA
ARTE OU NA NATUREZA, FREQÜENTEMENTE DE FATO NOS PARECE UMA EXPERIÊNCIA
TEMPORALMENTE LOCALIZADA, QUE É UMA FONTE DE BOA ENERGIA. NÃO É FÁCIL, NO
ENTANTO, ESTENDER A IDÉIA DE UMA EXPERIÊNCIA INFLUENTE PARA AS OCASIÕES DO
PENSAMENTO SOBRE PESSOAS OU AÇÕES, JÁ QUE A CLAREZA DO PENSAMENTO E A PUREZA DA
ATENÇÃO TORNAM-SE MAIS DIFÍCEIS E MAIS AMBÍGUAS QUANDO O OBJETO DA ATENÇÃO É
ALGO MORAL. É AQUI QUE ME PARECE IMPORTANTE RETER A IDÉIA DO BOM COMO UM PONTO
CENTRAL DE REFLEXÃO, E AQUI TAMBÉM PODEMOS VER O SIGNIFICADO DE SUA NATUREZA
INDEFINÍVEL E NÃO REPRESENTÁVEL. O BOM, E NÃO A VONTADE, É TRANSCENDENTE. A
VONTADE É A ENERGIA NATURAL DA PSIQUE, QUE É ALGUMAS VEZES UTILIZÁVEL PARA UM
PROPÓSITO VALIOSO. O BOM É O FOCO DA ATENÇÃO QUANDO UM INTENTO PARA SER
VIRTUOSO COEXISTE, COMO TALVEZ QUASE SEMPRE ACONTECE, COM ALGUMA OBSCURIDADE DE
VISÃO. AQUI, COMO EU DISSE ANTERIORMENTE, A BELEZA APARECE COMO O ASPECTO
VISÍVEL E ACESSÍVEL DO BOM. O PRÓPRIO BOM NÃO É VISÍVEL. PLATÃO DESCREVEU O
HOMEM BOM COMO EVENTUALMENTE CAPAZ DE OLHAR PARA O SOL. NUNCA ESTIVE SEGURA
SOBRE O QUE FAZER COM ESSA PARTE DO MITO. DE UM LADO, PARECE ADEQUADO
REPRESENTAR O BOM COMO UM CENTRO OU FOCO DE ATENÇÃO, AINDA QUE ELE NÃO POSSA
SER PENSADO COMO ALGO “VISÍVEL”, NO SENTIDO DE QUE NÃO PODE SER EXPERIMENTADO
OU REPRESENTADO OU DEFINIDO. PODEMOS CERTAMENTE SABER MAIS OU MENOS ONDE ESTÁ O
SOL; NÃO É TÃO FÁCIL IMAGINAR COMO SERIA OLHAR PARA ELE. TALVEZ, NA VERDADE,
APENAS O HOMEM BOM SABE EM QUE CONSISTE ISSO; OU TALVEZ OLHAR PARA O SOL É SER
GLORIOSAMENTE OFUSCADO E NÃO VER NADA. O QUE PARECE FAZER PERFEITO SENTIDO NO
MITO PLATÔNICO É A IDÉIA DO BOM COMO A FONTE DE LUZ QUE REVELA PARA NÓS TODAS
AS COISAS COMO ELAS REALMENTE SÃO. TODA VISÃO JUSTA, MESMO NOS PROBLEMAS
RESTRITOS DO INTELECTO, E A FORTIORI, QUANDO O SOFRIMENTO OU A MALDADE PRECISA
SER PERCEBIDO, É UMA QUESTÃO MORAL. AS MESMAS VIRTUDES, NO FINAL A MESMA
VIRTUDE DO AMOR, SÃO EXIGIDAS EM TODA PARTE, E A FANTASIA, O EU, PODE NOS
IMPEDIR DE VER UMA FOLHA DE GRAMA DA MESMA FORMA COMO PODE NOS IMPEDIR DE VER
OUTRA PESSOA. UMA CRESCENTE CONSCIÊNCIA DOS “BONS” E O ESFORÇO, USUALMENTE
APENAS PARCIALMENTE BEM-SUCEDIDO, PARA PRESTAR ATENÇÃO A ELES DE FORMA PURA,
SEM O EU, TRAZ CONSIGO UMA CRESCENTE CONSCIÊNCIA DA UNIDADE E DA
INTERDEPENDÊNCIA DO MUNDO MORAL. NOSSA INTELIGÊNCIA EXPLORADORA É A IMAGEM DA
“FÉ”. CONSIDERE EM QUE CONSISTE AMPLIAR NOSSA COMPREENSÃO DE UMA GRANDE OBRA DE
ARTE.
PENSO QUE SE TRATA DE ALGO MAIS DO QUE UMA QUESTÃO VERBAL DIZER QUE O QUE
SE DEVERIA BUSCAR É A BONDADE, E NÃO A LIBERDADE OU A AÇÃO CORRETA, MUITO
EMBORA A AÇÃO CORRETA E A LIBERDADE, NO SENTIDO DE HUMILDADE, SEJAM OS PRODUTOS
NATURAIS DA ATENÇÃO AO BOM. NATURALMENTE A AÇÃO CORRETA É IMPORTANTE EM SI
MESMA, COM UMA IMPORTÂNCIA QUE NÃO É DIFÍCIL DE COMPREENDER. MAS ELA DEVERIA
FORNECER O PONTO DE PARTIDA DA REFLEXÃO E NÃO A SUA CONCLUSÃO. A AÇÃO CORRETA,
JUNTAMENTE COM A FIRME EXTENSÃO DA ÁREA DA OBRIGAÇÃO ESTRITA, É UM CRITÉRIO
ADEQUADO DA VIRTUDE. A AÇÃO TAMBÉM TENDE A CONFIRMAR, PARA MELHOR OU PARA PIOR,
O PANO DE FUNDO DO VÍNCULO DO QUAL ELA RESULTA. A AÇÃO É UMA OCASIÃO PARA A
GRAÇA, OU PARA O SEU OPOSTO. NO ENTANTO, O OBJETIVO DA MORALIDADE NÃO PODE SER
SIMPLESMENTE A AÇÃO. SEM ALGUMA CONCEPÇÃO MAIS POSITIVA DA ALMA COMO UM
MECANISMO DE VINCULAÇÃO SUBSTANCIAL E CONTINUAMENTE EM DESENVOLVIMENTO, CUJA
PURIFICAÇÃO E REORIENTAÇÃO PRECISAM SER A TAREFA DA MORAL, A “LIBERDADE” É
PRONTAMENTE CORROMPIDA NA AUTOAFIRMAÇÃO E NA “AÇÃO CORRETA”, EM ALGUM TIPO DE
UTILITARISMO AD HOC. SE UM EMPIRISMO CIENTIFICAMENTE ORIENTADO NÃO FIZER
DESAPARECER COMPLETAMENTE O ESTUDO DA ÉTICA, OS FILÓSOFOS PRECISAM TENTAR CRIAR
UMA TERMINOLOGIA QUE MOSTRE COMO A NOSSA PSICOLOGIA NATURAL PODE SER MUDADA POR
CONCEPÇÕES QUE ESTÃO ALÉM DE SEU ALCANCE. PARECE-ME QUE A METÁFORA PLATÔNICA DA
IDÉIA DO BOM OFERECE AQUI UMA DESCRIÇÃO ADEQUADA. NATURALMENTE QUE ESTA
DESCRIÇÃO DEVE SER UNIDA A UMA CONCEPÇÃO REALISTA DA PSICOLOGIA NATURAL, SOBRE
A QUAL QUASE TODOS OS FILÓSOFOS PARECEM-ME TER SIDO EXTREMAMENTE OTIMISTAS, E
TAMBÉM A UMA ACEITAÇÃO DA ABSOLUTA FALTA DE FINALIDADE NA VIDA HUMANA. O BOM
NADA TEM A VER COM PROPÓSITO, NA VERDADE ELE EXCLUI A IDÉIA DE PROPÓSITO. “TUDO
É VAIDADE” É O COMEÇO E O FIM DA ÉTICA. A ÚNICA FORMA GENUÍNA DE SER BOM, É SER
BOM “PARA NADA”, NO MEIO DE UMA CENA ONDE TODA COISA “NATURAL”, INCLUSIVE A PRÓPRIA
MENTE, ESTÁ SUJEITA AO ACASO, ISTO É, À NECESSIDADE. ESTE “PARA NADA” É, NA
VERDADE, A EXPERIÊNCIA CORRESPONDENTE À INVISIBILIDADE OU AO VAZIO NÃO
REPRESENTÁVEL DA PRÓPRIA IDÉIA DO BOM. SUGERI QUE A FILOSOFIA MORAL PRECISA UMA
NOVA TERMINOLOGIA, MAIS REALISTA, MENOS ROMÂNTICA, QUE ELA QUER RESGATAR O
PENSAMENTO SOBRE O DESTINO HUMANO DE UM EMPIRISMO CIENTIFICAMENTE ORIENTADO QUE
NÃO ESTÁ EQUIPADO PARA LIDAR COM OS PROBLEMAS REAIS. A FILOSOFIA LINGUÍSTICA JÁ
COMEÇOU A DAR MÃOS COM UM TAL EMPIRISMO, E A MAIOR PARTE DO PENSAMENTO
EXISTENCIALISTA PARECE-ME OU UM ROMANCEAR OTIMISTA OU ALGO POSITIVAMENTE
LUCIFERIANO. TALVEZ HEIDEGGER SEJA LÚCIFER EM PESSOA. NO ENTANTO, NESSE PONTO,
ALGUÉM PODERIA DIZER TUDO ISSO ESTÁ MUITO BEM, A ÚNICA DIFICULDADE É QUE NADA DISSO
É VERDADE. TALVEZ DE FATO TUDO SEJA VAIDADE, TUDO É VAIDADE, E NÃO EXISTE UMA
FORMA INTELECTUALMENTE RESPEITÁVEL DE PROTEGER AS PESSOAS DO DESESPERO. O MUNDO
APENAS É PERDIDAMENTE MAU E VOCÊ, QUE FALA DE REALISMO, NÃO DEVERIA IR ATÉ O
FIM SENDO REALISTA SOBRE ISSO? FALAR DO BOM NESSA FORMA AUSPICIOSA É
SIMPLESMENTE FALAR DO VELHO CONCEITO DE DEUS EM UM TÊNUE DISFARCE. MAS PELO
MENOS “DEUS” PODIA DESEMPENHAR UM REAL PAPEL CONSOLADOR E ENCORAJADOR. FAZ
SENTIDO FALAR DO DEUS QUE AMA UMA PESSOA. MAS, HÁ MUITO POUCO SENTIDO EM FALAR
DO BOM QUE AMA UM CONCEITO. “BOM”, MESMO COMO UMA FICÇÃO, NÃO PARECE INSPIRAR,
OU MESMO SER COMPREENSÍVEL PARA, DESCONTADO UM PEQUENO NÚMERO DE PESSOAS
MISTICAMENTE INSPIRADAS, PESSOAS QUE, SENDO RELUTANTES A ENTREGAR-SE A DEUS,
DISFARÇAM “BOM” EM SUA IMAGEM, DE FORMA A PRESERVAR ALGUM TIPO DE ESPERANÇA. A
DESCRIÇÃO NÃO É APENAS PURAMENTE IMAGINÁRIA, ELA NEM CHEGA MESMO A PARECER
EFETIVA. É MUITO MELHOR CONFIAR EM UM SIMPLES UTILITARISMO POPULAR E NAS IDÉIAS
EXISTENCIALISTAS, JUNTO COM UM POUCO DE PSICOLOGIA EMPÍRICA, E TALVEZ ALGUM
MARXISMO ERUDITO, PARA MANTER A RAÇA HUMANA INDO EM FRENTE. O SENSO COMUM
EMPÍRICO DO COTIDIANO PRECISA TER A ÚLTIMA PALAVRA. TODOS OS VOCABULÁRIOS
ÉTICOS ESPECIALIZADOS SÃO FALSOS. SERIA MELHOR ABANDONAR A VELHA E SÉRIA BUSCA
METAFÍSICA, JUNTO COM O CONCEITO DE DEUS PAI, FORA DE MODA. POR VEZES EU MESMA
SINTO-ME MAIS DO QUE MEIO PERSUADIDA A PENSAR NESSES TERMOS. É FREQÜENTEMENTE
DIFÍCIL, NA FILOSOFIA, DIZER SE ESTAMOS FALANDO ALGO RAZOAVELMENTE PÚBLICO E
OBJETIVO, OU SE ESTAMOS MERAMENTE ERGUENDO UMA BARREIRA, ESPECIAL PARA NOSSO
PRÓPRIO TEMPERAMENTO, CONTRA NOSSOS PRÓPRIOS MEDOS PESSOAIS. É SEMPRE UMA
QUESTÃO SIGNIFICANTE PERGUNTAR, SOBRE QUALQUER FILÓSOFO: DO QUE ELE TEM MEDO?
NATURALMENTE TEMOS MEDO QUE A TENTATIVA DE SER BOM POSSA REVELAR-SE DESPROVIDA
DE SIGNIFICADO, OU, NO MELHOR CASO, ALGO VAGO E NÃO MUITO IMPORTANTE, OU
MOSTRAR-SE COMO NIETZSCHE A DESCREVEU, OU QUE A GRANDEZA DA GRANDE ARTE POSSA
SER UMA ILUSÃO EFÊMERA. ACERCA DO “STATUS” DOS MEUS ARGUMENTOS FALAREI
BREVEMENTE ADIANTE. QUE UMA ESPIADA NA CENA LEVA AO DESESPERO, CERTAMENTE É O
CASO. A DIFICULDADE, NA VERDADE, É DE, NO FINAL DAS CONTAS, VER. SE NÃO
ACREDITAMOS EM UM DEUS PESSOAL, NÃO HÁ O “PROBLEMA” DO MAL, MAS HÁ A QUASE
INSUPERÁVEL DIFICULDADE DE OLHAR ADEQUADAMENTE PARA O MAL E PARA O SOFRIMENTO
HUMANO. É MUITO DIFÍCIL CONCENTRAR A ATENÇÃO SOBRE O SOFRIMENTO E O PECADO, NOS
OUTROS E EM NÓS MESMOS, SEM FALSIFICAR A DESCRIÇÃO DE ALGUMA FORMA, ENQUANTO A
TORNAMOS SUPORTÁVEL. POR EXEMPLO, MEDIANTE OS DISPOSITIVOS SADOMASOQUISTAS QUE
MENCIONEI ANTES. SOMENTE A MUITO GRANDE ARTE PODE LIDAR COM ISSO, E ISTO É A
ÚNICA EVIDÊNCIA PÚBLICA QUE ISSO PODE, NA VERDADE, SER FEITO. A NOÇÃO KANTIANA
DO SUBLIME, EMBORA EXTREMAMENTE INTERESSANTE, POSSIVELMENTE AINDA MAIS
INTERESSANTE DO QUE KANT PENSAVA, É UM TIPO DE ROMANTICISMO. O ESPETÁCULO DAS
COISAS ENORMES E APAVORANTES PODE DE FATO ESTIMULAR, MAS USUALMENTE DE UM MODO
QUE É MENOS DO QUE EXCELENTE. MUITO DO PENSAMENTO EXISTENCIALISTA BASEIA-SE EM
UMA REAÇÃO DE “PENSAMENTO DE PALHA”, QUE NÃO É MAIS DO QUE UMA FORMA DE
AUTOAFIRMAÇÃO ROMÂNTICA. NÃO É ISSO QUE LEVARÁ UM HOMEM A UM COMPORTAMENTO NÃO
EGOÍSTA NO CAMPO DE CONCENTRAÇÃO. HÁ, NO ENTANTO, ALGO NA TENTATIVA SÉRIA DE
OLHAR COM COMPAIXÃO PARA AS COISAS HUMANAS, QUE AUTOMATICAMENTE SUGERE QUE “HÁ
MAIS DO QUE ISSO”. O “HÁ MAIS DO QUE ISSO”, SE NÃO FOR CORROMPIDO POR ALGUM
TIPO DE FINALIDADE QUASE-TEOLÓGICA, PRECISA PERMANECER UMA MINÚSCULA FAÍSCA DE
PERCEPÇÃO, ALGO COMO, POR ASSIM DIZER, UMA POSIÇÃO METAFÍSICA MAS NÃO UMA FORMA
METAFÍSICA. MAS PARECE-ME QUE A FAÍSCA É REAL, E QUE A GRANDE ARTE É EVIDÊNCIA
DE SUA REALIDADE. A ARTE, NA VERDADE, LONGE DE SER UMA DIVERTIDA BRINCADEIRA DA
RAÇA HUMANA, É O LUGAR DE SUAS PERCEPÇÕES MAIS FUNDAMENTAIS, E O CENTRO PARA O
QUAL OS PASSOS MAIS INCERTOS DA METAFÍSICA PRECISAM CONSTANTEMENTE RETORNAR. NO
QUE DIZ RESPEITO À ELITE DOS MÍSTICOS, EU DIRIA NÃO PARA O TERMO “ELITE”.
NATURALMENTE QUE A FILOSOFIA TEM SUA PRÓPRIA TERMINOLOGIA, MAS O QUE ELA TENTA
DESCREVER NÃO PRECISA SER, E CREIO QUE NESTE CASO NÃO É, REMOVIDO DA VIDA
COMUM. A MORALIDADE SEMPRE TEM SIDO LIGADA COM A RELIGIÃO E A RELIGIÃO COM O
MISTICISMO. O DESAPARECIMENTO DO TERMO MÉDIO DEIXA A MORALIDADE EM UMA SITUAÇÃO
QUE É CERTAMENTE MAIS DIFÍCIL, MAS ESSENCIALMENTE A MESMA. O PANO DE FUNDO PARA
A MORAL É, PROPRIAMENTE, ALGUM TIPO DE MISTICISMO, SE POR ISSO SE QUER DIZER
UMA FÉ NÃO FORMULADA, ESSENCIALMENTE NÃO DOGMÁTICA, NA REALIDADE DO BOM,
OCASIONALMENTE CONECTADA COM A EXPERIÊNCIA. O CAMPONÊS VIRTUOSO SABE, E EU
ACREDITO QUE ELE CONTINUARÁ SABENDO, APESAR DA REMOÇÃO OU DA MODIFICAÇÃO DO
APARATO TEOLÓGICO, MUITO EMBORA ELE POSSA TER DIFICULDADE PARA DIZER O QUE
SABE. ESSA CONCEPÇÃO NATURALMENTE NÃO É RECEPTIVA ATÉ MESMO À UMA PERSUASIVA
PROVA FILOSÓFICA, E PODE FACILMENTE SER DESAFIADA COM BASE EM VÁRIOS TIPOS DE
FUNDAMENTOS EMPÍRICOS. NO ENTANTO, EU NÃO PENSO QUE O CAMPONÊS VIRTUOSO ESTARÁ
DESPROVIDO DE RECURSOS. AS SUPERSTIÇÕES CRISTÃS TRADICIONAIS TEM SIDO
COMPATÍVEIS COM TODO TIPO DE CONDUTA DO MAU PARA O BOM. HAVERÁ, SEM DÚVIDA,
NOVAS SUPERSTIÇÕES; E CONTINUARÁ SENDO O CASO QUE ALGUMAS PESSOAS EFETIVAMENTE
TOMARÃO PROVIDÊNCIAS PARA AMAR SEUS VIZINHOS. PENSO QUE A “MAQUINARIA DA
SALVAÇÃO”, SE ELA EXISTE, É ESSENCIALMENTE A MESMA PARA TODOS. NÃO HÁ UMA
DOUTRINA SECRETA COMPLICADA. TODOS NÓS SOMOS CAPAZES DE CRITICAR, MODIFICAR E
AMPLIAR A ÁREA DE OBRIGAÇÕES ESTRITAS QUE HERDAMOS. O BOM É NÃO REPRESENTÁVEL E
INDEFINÍVEL. SOMOS TODOS MORTAIS, E ESTAMOS IGUALMENTE À MERCÊ DA NECESSIDADE E
DO ACASO. ESSES SÃO OS VERDADEIROS ASPECTOS NO QUAL TODOS OS HOMENS SÃO IRMÃOS.
SOBRE O STATUS DO ARGUMENTO HÁ TALVEZ POUCO, OU AO CONTRÁRIO, MUITO A DIZER. NA
MEDIDA EM QUE HÁ UM ARGUMENTO, ELE JÁ OCORREU, DE UMA FORMA COMPRIMIDA.
ARGUMENTOS FILOSÓFICOS SÃO QUASE SEMPRE INCONCLUSIVOS, E ESTE AQUI NÃO É DO
TIPO MAIS RIGOROSO. ISTO NÃO É UM TIPO DE PRAGMATISMO OU UMA FILOSOFIA DO “COMO
SE”. SE ALGUÉM DIZ, “VOCÊ ENTÃO ACREDITA QUE A IDEIA DO BOM EXISTE?”, RESPONDO,
“NÃO, NÃO COMO AS PESSOAS COSTUMAVAM PENSAR QUE DEUS EXISTIA”.
TUDO O QUE
PODEMOS FAZER É APELAR PARA CERTAS ÁREAS DA EXPERIÊNCIA, APONTAR PARA CERTAS
CARACTERÍSTICAS, E USAR METÁFORAS ADEQUADAS E INVENTAR CONCEITOS ADEQUADOS ONDE
É NECESSÁRIO PARA TORNAR ESSAS CARACTERÍSTICAS VISÍVEIS. NEM MAIS E NEM MENOS
DO QUE ISSO É FEITO PELO FILÓSOFO LINGUÍSTICO MAIS EMPIRICAMENTE ORIENTADO.
DADO QUE NÃO HÁ PROVA FILOSÓFICA OU CIENTÍFICA DO DETERMINISMO TOTAL, É
ADMISSÍVEL A NOÇÃO DE QUE EXISTA UMA PARTE DA ALMA QUE É LIVRE DO MECANISMO DA
PSICOLOGIA EMPÍRICA. GOSTARIA DE COMBINAR A AFIRMAÇÃO DE UMA TAL LIBERDADE COM
UMA VISÃO ESTRITA E LARGAMENTE EMPÍRICA DO PRÓPRIO MECANISMO. SOBRE A MUITO
PEQUENA ÁREA DE “LIBERDADE”, AQUILO QUE EM NÓS ENCARREGA-SE DO REAL E É ATRAÍDO
PELO BOM, EU GOSTARIA DE DAR UMA ELUCIDAÇÃO IGUALMENTE RIGOROSA E TALVEZ
PESSIMISTA. NÃO FALEI DO PAPEL DO AMOR EM SUAS MANIFESTAÇÕES COTIDIANAS. SE
VAMOS FALAR DA GRANDE ARTE COMO “EVIDÊNCIA”, O AMOR HUMANO COMUM NÃO É UMA
EVIDÊNCIA AINDA MAIS ADMIRÁVEL DE UM PRINCÍPIO TRANSCENDENTE DO BOM? PLATÃO
ESTAVA PREPARADO PARA CONSIDERÁ-LO COMO UM PONTO DE PARTIDA.
EXISTEM MUITOS
PONTOS DE PARTIDA. NÃO PODEMOS SENÃO CONCORDAR QUE, EM ALGUM SENTIDO, TRATA-SE
DA MAIS IMPORTANTE DE TODAS AS COISAS; E AINDA ASSIM O AMOR HUMANO É
NORMALMENTE TAMBÉM DEMASIADAMENTE POSSESSIVO E TAMBÉM DEMASIADAMENTE “MECÂNICO”
PARA SER UM LUGAR DE VISÃO. HÁ UM PARADOXO AQUI ACERCA DA NATUREZA DO PRÓPRIO
AMOR. QUE O AMOR MAIS ELEVADO, EM ALGUM SENTIDO, É IMPESSOAL, É ALGO QUE
PODEMOS FINALMENTE VER NA ARTE, MAS PENSO QUE NÃO PODEMOS VÊ-LO CLARAMENTE,
EXCETO DE UMA FORMA MUITO FRAGMENTADA, NAS RELAÇÕES DOS SERES HUMANOS. MAIS UMA
VEZ O LUGAR DA ARTE É ÚNICO. A IMAGEM DO BOM COMO UM CENTRO MAGNÉTICO
TRANSCENDENTE PARECE-ME A MENOS CORRUPTÍVEL E A DESCRIÇÃO MAIS REALISTA PARA
USARMOS EM NOSSAS REFLEXÕES SOBRE A VIDA MORAL. AQUI, A “PROVA” FILOSÓFICA, SE
É QUE HÁ UMA, É O MESMO QUE A “PROVA” MORAL. EU CONFIARIA ESPECIALMENTE EM
ARGUMENTOS BASEADOS NA EXPERIÊNCIA RELACIONADA COM O REALISMO QUE PERCEBEMOS
QUE ESTÁ CONECTADO COM A BONDADE E COM O AMOR, E O DESPRENDIMENTO QUE É EXIBIDO
NA GRANDE ARTE. DO PRINCÍPIO AO FIM DESSE ARTIGO ASSUMI QUE “NÃO HÁ DEUS”, E
QUE A INFLUÊNCIA DA RELIGIÃO ESTÁ DESAPARECENDO RAPIDAMENTE. ESSAS DUAS
SUPOSIÇÕES PODEM SER DESAFIADAS. O QUE PARECE ESTAR ALÉM DA DÚVIDA É QUE A
FILOSOFIA MORAL ESTÁ DESANIMADA E CONFUSA, E EM MUITOS LUGARES ELA ESTÁ
DESACREDITADA E É VISTA COMO DESNECESSÁRIA. O DESAPARECIMENTO DO EU FILOSÓFICO,
JUNTAMENTE COM O CONFIANTE PREENCHIMENTO DO EU CIENTÍFICO, LEVOU A ÉTICA A UMA
CONCEPÇÃO INFLACIONADA E AINDA VAZIA DA VONTADE, E FOI PRINCIPALMENTE ISTO QUE
EU ESTIVE ATACANDO. NÃO ESTOU SEGURO SOBRE ATÉ QUE PONTO MINHAS SUGESTÕES
POSITIVAS FAZEM SENTIDO. A BUSCA DA UNIDADE É PROFUNDAMENTE NATURAL, MAS, COMO
MUITAS OUTRAS COISAS QUE SÃO PROFUNDAMENTE NATURAIS, PODE SER CAPAZ DE PRODUZIR
NADA, EXCETO UMA VARIEDADE DE ILUSÕES. DO QUE EU ME SINTO SEGURA É SOBRE A
INADEQUAÇÃO, NA VERDADE A FALTA DE PRECISÃO DO UTILITARISMO, DO
COMPORTAMENTALISMO LINGÜÍSTICO E DO EXISTENCIALISMO ATUAL, EM QUALQUER DAS
FORMAS COM QUE ESTOU FAMILIARIZADA. EU TAMBÉM ESTOU SEGURA QUE A FILOSOFIA
MORAL DEVE SER DEFENDIDA E, MANTIDA VIVA COMO UMA ATIVIDADE PURA, OU ÁREA
FÉRTIL, ANÁLOGA EM IMPORTÂNCIA À MATEMÁTICA NÃO APLICADA OU À INVESTIGAÇÃO
HISTÓRICA PURA E “INÚTIL”. A TEORIA ÉTICA TEM AFETADO A SOCIEDADE E TEM CHEGADO
ATÉ AO HOMEM COMUM, NO PASSADO, E NÃO HÁ UMA BOA RAZÃO PARA SE PENSAR QUE ELA
NÃO PODE FAZER ISSO NO FUTURO. TANTO PARA A SALVAÇÃO COLETIVA E INDIVIDUAL DA
RAÇA HUMANA, A ARTE É, SEM DÚVIDA, MAIS IMPORTANTE DO QUE A FILOSOFIA, E A
LITERATURA É A MAIS IMPORTANTE DE TODAS. MAS NÃO HÁ SUBSTITUTO PARA AS
ESPECULAÇÕES PROFISSIONAIS, PURAS, DISCIPLINADAS: E É DESSAS DUAS ÁREAS, ARTE E
ÉTICA, QUE PRECISAMOS ESPERAR A GERAÇÃO DE CONCEITOS VALIOSOS E TAMBÉM CAPAZES
DE GUIAR E AVALIAR O CRESCENTE PODER DA CIÊNCIA. -<>NOSSA OPINIÃO: VIVER
A PLENITUDE DE NOSSA EXISTÊNCIA E NOS CONHECERMOS INTEIRAMENTE. TAL PRÁTICA NOS
LEVARÁ A ENTENDER A NOSSA PRÓPRIA EXISTÊNCIA E A RAZÃO DO TODO QUE NOS CERCA
INFINITAMENTE. O RELACIONAMENTO COM OS DEMAIS SERES DO UNIVERSO DEPENDERÁ DE
COMO OS TRATARMOS E DE COMO NOS TRATAREMOS EM RELAÇÃO AOS DEMAIS. ISTO
DEMANDARÁ SERMOS COERENTES, DOCEMENTE ENÉRGICOS E EXTREMAMENTE HONESTOS E
SOLIDÁRIOS. PARA CHEGAR A ESTA CONCLUSÃO 'PENSE PROFUNDAMENTE'. MAS, MANTENHA
OS SENTIDOS ATIVOS PARA NÃO ADORMECER EM MEDITAÇÃO PROFUNDA. É PENSANDO QUE
EXISTIMOS COMO CRIATURAS MATERIAIS DIVINAS E ESPIRITUAIS PELA OBRA SUPERIOR DA
CRIAÇÃO ETERNA. GÉSNER LAS CASASRADIALISTA, ARTISTA PLÁSTICO, COMENDADOR DE TOBIAS DE AGUIAR & JORNALISTA "GÉSNER LAS CASAS"
Enviado por LAS CASAS em 12/06/2018 Código do texto: T6362635 Classificação de conteúdo: seguro
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